O FMI está preocupado com o plano de mineração de Bitcoin do Paquistão
O Fundo Monetário Internacional tem ouvidos em toda parte, especialmente quando se trata de seus países sob assistência. Não há necessidade de investigações aprofundadas quando os anúncios públicos traem as intenções. O Paquistão, recém-convertido à febre cripto, acaba de lançar um programa ambicioso para minerar bitcoin e construir uma reserva estatal em cripto. O anúncio foi estrondoso, mas o efeito imediato não demorou. O FMI, sempre rápido em proteger suas condições, repreendeu firmemente Islamabad.
Em resumo
- O FMI exige explicações do Paquistão sobre o uso de energia relacionado ao plano de mineração de bitcoin.
- O Paquistão lançou uma carteira nacional e uma reserva estatal em bitcoin sem consulta prévia.
- 2.000 megawatts prometidos para mineração preocupam frente a uma crise energética histórica e explosiva.
- Alta de 55% nas tarifas elétricas desde 2021 alimenta uma revolta social difícil de conter.
O FMI entra em cena: cripto sob condição no Paquistão
O Paquistão, em plena renegociação orçamentária com o FMI, decidiu destinar 2.000 megawatts de eletricidade para a mineração de bitcoin e para centros de dados de IA. O anúncio não foi discutido com a instituição. Erro estratégico. O FMI exige esclarecimentos urgentes sobre a legalidade do bitcoin no país, assim como sobre a repartição energética. A preocupação é ver uma energia vital desviada para projetos mal regulados.
“Há um receio de discussões ainda mais duras com o FMI sobre esta iniciativa“, comenta uma fonte próxima ao assunto.
O FMI, que já havia proibido a acumulação de bitcoin em El Salvador no passado, exige que toda mudança de política financeira seja coordenada no âmbito do programa Extended Fund Facility. A resposta do Paquistão ainda não chegou, mas o clima é tenso.
As consequências podem ser severas. Recusar alinhar-se pode suspender a ajuda financeira vital ou até agravar as tensões nos mercados de dívida. No curto prazo, isto colocaria em risco os fundos destinados a apoiar a economia local. A longo prazo, isolaria ainda mais o país em um contexto econômico já frágil.
O bitcoin, que deveria simbolizar abertura e inovação, torna-se aqui um motivo de alerta para os credores.
Bitcoin estatal: ousadia ou imprudência?
Essa guinada pró-cripto não é por acaso. Em fevereiro de 2025, o governo paquistanês propôs a criação do “National Crypto Council” para estruturar o ecossistema cripto nacional. Depois, em maio, nasceu a Pakistan Digital Asset Authority (PDAA). Ela é responsável por regular as trocas, carteiras, stablecoins e plataformas DeFi. Deve também supervisionar a tokenização dos ativos estatais.
O Bitcoin Vegas Summit 2025 serviu de vitrine para essa estratégia. Bilal bin Saqib, consultor cripto do Primeiro Ministro, revelou a primeira reserva estratégica de bitcoin do país. Ele também anunciou o lançamento de uma carteira nacional em bitcoin. Segundo ele:
Nossa juventude está conectada e na blockchain. O Paquistão agora é reconhecido pelo seu futuro, não pelo seu passado.
Entre os projetos revelados:
- Reserva nacional em bitcoin;
- Carteira oficial apoiada pelo Estado;
- Incentivos para atrair mineradores e desenvolvedores;
- Marco legal alinhado com os padrões FATF.
A ideia? Transformar o Paquistão em um hub cripto emergente, atraindo capitais, startups e expertise tecnológica. Em abril, até Changpeng Zhao, ex-Binance, foi nomeado conselheiro do Conselho Cripto. Ele deveria ajudar o país na implementação de uma infraestrutura blockchain.
Mas essa estratégia ousada esbarrou na parede do realismo econômico. O Paquistão mediu as implicações geopolíticas e fiscais? Ou está agindo com uma forma de insolência, desafiando o FMI abertamente? A resposta pode redesenhar o futuro de suas ambições digitais.
Crise energética: quando o bitcoin minera o povo
O contexto energético do Paquistão é explosivo. Desde 2021, os preços da eletricidade saltaram 155%. O custo médio atingiu 0,23 $/kWh, levando indústrias e residências a optarem pela energia solar. A infraestrutura é obsoleta, perdas na linha chegam a 16%, e as quedas são frequentes. O país subsidia usinas inativas enquanto impõe aumentos tarifários para satisfazer o FMI. Em julho, os preços residenciais aumentaram mais 18%.
Neste caos energético, destinar 2.000 MW para mineração de bitcoin parece uma heresia. O país já tem dificuldade em fornecer eletricidade estável para sua população. O anúncio levanta um medo duplo: econômico e social.
Alguns números para lembrar:
- 16% de eletricidade perdida devido a ineficiências técnicas;
- 155% de aumento nos preços em 4 anos;
- 0,23 $/kWh: custo médio para as residências;
- 2.000 MW prometidos aos mineradores, apesar das quedas massivas;
- 40 milhões de carteiras cripto registradas no Paquistão.
O risco é real: desviar a energia para data centers de bitcoin pode inflamar as tensões. Isso agravaria a pobreza energética, inflamaria a ira popular e poderia provocar tumultos. Investir em mineração sem resolver o caos energético seria como plantar uma mina em um campo já instável.
O FMI às vezes sabe revisar sua posição. Recentemente, não admitiu que não há acumulação de bitcoin para El Salvador? O Paquistão deveria se inspirar nessa dinâmica: dialogar, estruturar um marco claro e provar que a mineração pode coexistir com seus compromissos. Negociar não é ceder, ainda mais quando a inovação está batendo à porta.
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La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose
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