Mercado de NFT recua em maio mesmo com o bom desempenho do Bitcoin

O mês de maio reservou uma surpresa amarga para os entusiastas de NFTs. Enquanto o Bitcoin brilhou com um aumento notável em seus volumes no mercado de tokens não-fungíveis, todo o setor entrou em uma nova fase de recuo. Prova de que a saúde de um ativo principal nem sempre é suficiente para levantar todo um ecossistema.

Um paradoxo de mercado: mais compradores, mas menos vendas

Há algo de irônico em ver um mercado receber mais compradores… enquanto vende menos. Em maio, os tokens não-fungíveis registraram 474 milhões de dólares em vendas, uma queda de 21,25% em relação a abril.

No entanto, o número de compradores subiu 16,45%, e os vendedores também, de forma mais moderada (+1,57%). Esse paradoxo ilustra uma dinâmica preocupante: um público crescente, mas transações perdendo velocidade.

Mais ainda, essa queda não atinge apenas as redes pequenas. Mesmo o Ethereum, ainda número um incontestável em volume, viu suas vendas caírem quase 21%, estabilizando-se em torno de 140 milhões de dólares.

A diversificação não foi suficiente para conter a queda: Polygon, muitas vezes apresentado como uma alternativa dinâmica, teve seus volumes despencando 47,38%. Uma desafeição que parece mais estrutural do que conjuntural.

Bitcoin resiste, Avalanche explode: os outsiders retaliam

Enquanto a maioria das blockchains recua, o Bitcoin mostra um crescimento de 20,16% no setor de NFTs, alcançando 74,5 milhões de dólares em maio. Um número ainda mais impressionante considerando que os NFTs apoiados pelo Bitcoin são relativamente recentes na cena.

O protocolo Ordinals e as inovações associadas permitiram que o ecossistema Bitcoin se firmasse rapidamente como um ator credível nesse segmento há muito dominado pelo Ethereum.

Sobretudo espetacular: a ascensão fulgurante da Avalanche. Com um aumento de mais de 1200%, Avalanche se estabelece como a surpresa do mês.

Essa explosão é amplamente impulsionada pelo lançamento do projeto XSY Deposit, que sozinho gerou mais de 30 milhões de dólares. Isso prova mais uma vez que um único projeto promissor pode revitalizar uma blockchain inteira — pelo menos temporariamente.

Coleções que ditam a tendência mais do que as blockchains

O que maio destaca é que não são mais necessariamente as blockchains que impulsionam a dinâmica, mas as próprias coleções. Courtyard, na Polygon, dominou o ranking com quase 60 milhões de dólares. Dmarket (Polkadot/Mythos) não ficou muito atrás, e XSY Deposit completou o pódio. Quanto ao Doodles, seu aumento de 226% prova que storytelling e efeito comunidade ainda podem operar milagres.

Essa transferência de poder — das infraestruturas para os projetos — ressalta a maturidade crescente do mercado de NFTs. Não basta mais ter uma blockchain rápida ou barata; é necessário oferecer uma experiência, um universo, uma raridade que atraia.

O Bitcoin está se destacando cada vez mais num setor outrora distante de seu DNA inicial. Nesse ritmo, ele poderá em breve ultrapassar a Solana em termos de vendas acumuladas de NFTs. Mas será que isso será suficiente para reverter a tendência global? Nada é certo. Pois, embora os holofotes estejam sobre as conquistas isoladas, o panorama geral permanece sombrio.

O avanço do Bitcoin no universo NFT é inegável, mas luta para esconder os sinais de cansaço do mercado. O volume total está em queda, a especulação se concentra em alguns nichos: o mercado se especializa, se fragmenta. Neste cenário em completa recomposição, a SharpLink surpreende ao apostar um bilhão de dólares no Ether, reacendendo brevemente o entusiasmo dos investidores. Resta saber se esse impulso isolado responde à verdadeira questão: estamos diante de uma consolidação saudável… ou do prelúdio de um desengajamento progressivo do grande público?