Pesquisas por “altcoin” no maior nível desde 2021

A narrativa dominante do mercado cripto continua centrada no bitcoin e seus ETFs, mas os sinais à margem desenham outra trajetória. De fato, as buscas no Google pelo termo “altcoin” acabaram de atingir um recorde inédito desde 2021, sinal de que a atenção está se deslocando. Naquela época, DeFi e NFT atraíam capitais. Hoje, a dinâmica parece se reconstituir, mais difusa, mas alimentada por indicadores concretos. Um novo ciclo pode então se abrir.

A ofensiva dos ETFs de altcoins : uma virada institucional

A ascensão dos altcoins no cenário financeiro se materializou pela fuga de capitais do bitcoin para o Ethereum e por uma onda de registros de pedidos junto à Securities and Exchange Commission (SEC).

No primeiro semestre deste ano, nada menos que 31 pedidos de ETFs focados em altcoins foram submetidos nos Estados Unidos.

Entre as iniciativas mais notáveis, a Canary Capital propôs em março um ETF spot lastreado em SUI, uma primeira nesse segmento. Na sequência, a Cboe BZX solicitou autorização para listar esse fundo, enquanto a Nasdaq registrou os documentos necessários para a versão da 21Shares, desencadeando o processo oficial de análise.

Os analistas de ETFs consideram esse movimento um marco importante para a adoção institucional dos altcoins. Aqui estão os principais fatos a destacar :

• 31 pedidos de ETFs de altcoins registrados nos Estados Unidos no primeiro semestre do ano ;

• A Canary Capital deseja lançar um ETF spot do token SUI, com um pedido apoiado pela Cboe BZX ;

• A Nasdaq também iniciou um processo oficial para a 21Shares, em um produto similar ;

• Outros projetos como Dogecoin (DOGE), Cardano (ADA), Polkadot (DOT), Hedera (HBAR) ou Avalanche (AVAX) têm probabilidades de aprovação de até 90 % ;

• Segundo Eric Balchunas e James Seyffart (Bloomberg Intelligence), as chances de aprovação dos ETFs de Solana (SOL), XRP e Litecoin (LTC) são avaliadas em 95 %.

Esse impulso da oferta regulada sugere que os altcoins não são mais vistos como simples ativos de nicho, mas como produtos financeiros viáveis, passíveis de integrar portfolios de investidores institucionais dentro de um quadro legal e estruturado.

As tesourarias cripto : o crescimento discreto dos altcoins como ativos de reserva

Além dos mercados financeiros, é nos bastidores dos balanços corporativos que os altcoins passam a se impor como ativos estratégicos. Várias empresas atualizaram suas tesourarias para incluir ativos alternativos, especialmente Ethereum, Solana e Chainlink.

A Metaplanet, BitMine e SharpLink Gaming detêm agora coletivamente vários bilhões de dólares em ETH, com parte desses valores apostados para gerar rendimento passivo.

O entusiasmo, no entanto, vai além do Ethereum. Assim, a DeFi Development Corp possui quase um milhão de SOL, valorizados em cerca de 200 milhões de dólares, enquanto a Upexi dobrou sua posição em julho, chegando a 2 milhões de SOL, majoritariamente também apostados.

Essa diversificação para ativos de alto rendimento traduz uma evolução nas lógicas de gestão de tesouraria no universo cripto. O staking agora não é mais apenas um mecanismo técnico, mas um verdadeiro alavancador de rentabilidade financeira.

Outras iniciativas, como a da Chainlink Reserve, lançada em 7 de agosto, vão ainda mais longe. O programa transforma pagamentos e taxas de uso em tokens LINK, injetados em seguida no ecossistema para garantir sua sustentabilidade a longo prazo. Uma abordagem inovadora, que ilustra a vontade de algumas entidades de consolidar as bases econômicas da sua rede.

A ampliação das tesourarias para altcoins estáveis ou com alto potencial como Ethereum pode sinalizar uma virada estrutural no uso dessas criptos. Longe de se limitar a instrumentos especulativos de trading, elas se tornam ferramentas de alocação estratégica, portadoras de rendimento, soberania tecnológica e, por vezes, até governança. A longo prazo, essa dinâmica pode fortalecer sua legitimidade, inclusive perante reguladores, e favorecer uma adoção maior em setores ainda reticentes hoje.