Polymarket planeja relançar suas atividades nos Estados Unidos em novembro

Após três anos de exílio forçado, a plataforma de previsão cripto Polymarket pode reabrir suas portas para traders americanos nas próximas semanas. Um avanço regulatório importante que transformaria radicalmente o panorama dos mercados de previsão nos Estados Unidos.

Um relatório anuncia o retorno da Polymarket ao mercado americano

A Polymarket está prestes a dar um passo decisivo. Segundo a Bloomberg, a plataforma baseada na blockchain pretende retornar ao solo americano antes do final de novembro. 

Este anúncio marca também a conclusão de um longo percurso iniciado em 2022, quando a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) obrigou a empresa a se retirar do mercado americano por operar uma plataforma de derivativos não registrada.

A autorização regulatória chegou em setembro passado. De fato, a Comissão emitiu uma carta de não intervenção após a aquisição pela Polymarket da QCEX, uma bolsa de derivativos e câmara de compensação autorizada. 

Esta manobra estratégica permitiu ao fundador Shayne Coplan construir a infraestrutura legal necessária para operar sob supervisão regulatória americana.

A plataforma não pretende voltar de mãos vazias. Atualmente, exibe uma lista de espera em seu site com a menção “em breve disponível para traders americanos”. A ênfase será inicialmente nas apostas esportivas, uma abordagem cautelosa que permite testar o terreno antes de ampliar a oferta.

Esta estratégia de reintegração progressiva demonstra uma nova maturidade. Em vez de avançar de forma precipitada, a Polymarket prefere uma abordagem moderada que deve tranquilizar os reguladores americanos. O timing também é calculado: o lançamento do token POLY só está previsto para 2026, dando tempo para a plataforma consolidar sua posição no mercado americano.

Uma valorização explosiva sustentada pela confiança institucional

Os números impressionam. Em junho de 2025, a Polymarket estava valorizada em um bilhão de dólares após uma rodada de financiamento de 200 milhões. 

Alguns meses depois, as estimativas agora apontam para 10 bilhões de dólares caso o retorno aos Estados Unidos se concretize. Essa ascensão vertiginosa reflete o enorme interesse dos investidores pelos mercados de previsão.

O investimento de 2 bilhões de dólares da Intercontinental Exchange (ICE), proprietária da Bolsa de Nova York, é o sinal mais forte. Assim, esse aporte valoriza a Polymarket em cerca de 8 bilhões e valida definitivamente o modelo econômico dos mercados de previsão baseados em blockchain. 

Jeffrey Sprecher, CEO da ICE, vê nesse acordo “uma mistura entre uma instituição fundada em 1792 e uma empresa visionária que está revolucionando a finança descentralizada”.

Os desempenhos operacionais justificam esse entusiasmo. De fato, durante a eleição presidencial americana de 2024, a Polymarket negociou mais de 2 bilhões de dólares em volume mensal. Suas previsões foram mais precisas do que as pesquisas tradicionais, transformando a plataforma em uma referência midiática e financeira. Mesmo após a votação, os volumes permaneceram acima de um bilhão por mês.

A concorrência também se intensifica. A Kalshi, avaliada em 2 bilhões de dólares, obteve autorização para oferecer contratos sobre eventos políticos após vencer sua batalha jurídica contra a CFTC. 

Essa vitória criou um precedente favorável para todo o setor. Ainda mais surpreendente, o Trump Media and Technology Group anunciou na terça-feira sua intenção de oferecer mercados preditivos via Truth Social, em parceria com a Crypto.com.

Um renascimento cheio de obstáculos

O retorno da Polymarket aos Estados Unidos não será um caminho fácil. A plataforma agora enfrenta um grande desafio: distinguir usuários legítimos dos “farmers” que utilizam técnicas sofisticadas para maximizar seus ganhos antes do lançamento do token POLY. Esses especuladores aprimoraram muito suas metodologias em 2025, tornando sua detecção muito mais complexa.

Essa corrida pelo token cria um paradoxo. Quanto mais a Polymarket atrai atenção, mais ela precisa inovar em seus sistemas de detecção para preservar a equidade. Uma falha poderia manchar o lançamento do POLY com controvérsias e comprometer a credibilidade duramente conquistada. A plataforma recentemente agiu contra esses coletores de tokens, ciente da importância da questão.

O ambiente regulatório continua mutável. Embora a batalha jurídica da Kalshi contra a CFTC tenha aberto brechas favoráveis, nada garante que as autoridades não endureçam sua posição diante do crescimento explosivo do setor. A Polymarket precisará navegar com cautela neste cenário em constante mudança.

Apesar desses desafios, a Polymarket conta com pontos fortes sólidos: o apoio financeiro da ICE, uma tecnologia comprovada, uma comunidade internacional fiel e uma reputação de precisão. Seu retorno aos Estados Unidos pode redefinir permanentemente a indústria dos mercados de previsão e acelerar a adoção institucional das soluções baseadas em blockchain.