Recorde histórico do Bitcoin sem buscas no Google

O bitcoin ultrapassa os 120.000 dólares, mas nenhuma euforia percorre a internet. Diferentemente dos picos anteriores, essa alta fulminante não provoca nem efervescência popular nem explosão de buscas. Sem FOMO, sem buzz viral : um silêncio inesperado paira nas redes. Essa ausência de barulho em um momento crucial levanta questões. Seria um sinal de maturidade do mercado, ou um indicativo de desinteresse crescente?

O bitcoin no topo, mas o público permanece ausente

As buscas no Google pelo termo “bitcoin” permanecem surpreendentemente baixas mesmo com o BTC operando acima dos 120.000 dólares, níveis historicamente elevados.

O interesse pela palavra-chave bitcoin é quase imperceptível em comparação aos picos de 2017 ou 2021. Os dados do Google Trends mostram uma pontuação de apenas 30 em 100 para a palavra-chave “Bitcoin”, enquanto essa pontuação atingiu seu ápice nos bullruns anteriores. Essa dissociação entre a disparada dos preços e o interesse popular medido na internet representa uma ruptura significativa em relação aos ciclos anteriores.

Vários elementos ajudam a explicar essa desconexão :

• A ausência do efeito novidade : em 2017 e depois em 2021, o bitcoin representava uma revolução tecnológica ainda jovem. Em 2025, é visto como um ativo mais maduro, quase institucionalizado.

• A saturação midiática : o bitcoin não é mais uma surpresa ou descoberta. Ele faz parte do cenário financeiro, e sua ascensão não provoca mais o choque dos primeiros tempos.

• Investidores mais informados : os detentores de BTC de longo prazo não consultam necessariamente o Google para se informar, usando canais especializados muito mais técnicos.

• Exposição indireta crescente : muitos poupadores agora detêm bitcoin sem saber, por meio de ETFs ou carteiras de alocação diversificada, o que reduz mecanicamente as buscas “ativas” sobre o tema.

• Ascensão discreta impulsionada pelos institucionais : o rally atual é principalmente financiado por fluxos profissionais, pouco sensíveis às dinâmicas virais ou à euforia social.

Esse contexto confere à alta atual do bitcoin um tom radicalmente diferente dos anteriores: mais técnico, mais silencioso, porém não menos poderoso.

Uma adoção racional, institucional e silenciosa

Essa baixa visibilidade não é necessariamente um sinal de desinteresse, mas sim o reflexo de uma mudança no perfil dos investidores. Os motores atuais do mercado parecem muito menos influenciados pelas tendências de busca populares do que antes.

Em outras palavras, os protagonistas deste ciclo de alta são institucionais, gestores de ativos, fundos hedge e detentores de ETFs, cujas decisões não dependem nem das redes sociais nem das consultas no Google.

Esses atores atuam nos bastidores, muitas vezes de forma discreta, mas com volumes massivos. A explosão dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos e a ascensão das plataformas de trading regulamentadas reestruturaram os circuitos de investimento, relegando o grande público a segundo plano.

Muitos particulares ainda marcados pelas perdas sofridas no mercado de baixa anterior permanecem à margem. O entusiasmo espontâneo foi substituído por uma desconfiança palpável. Além disso, as ondas de regulação, as campanhas anticripto em alguns países e a complexidade do ambiente fiscal na Europa e nos EUA contribuem para essa diminuição da atenção popular. Paradoxalmente, essa ausência de euforia poderia até ser vista como um sinal de maturidade do mercado.

Essa evolução levanta dúvidas sobre o papel futuro dos investidores particulares. Longe de significar sua retirada definitiva, esse silêncio pode preceder um eventual retorno em força caso a tendência de alta se confirme. A história dos bullruns mostra que o público nunca chega primeiro. Se o bitcoin continuar subindo e a mídia mainstream voltar a focar nele, um renovado interesse poderá então surgir.