Robinhood tokeniza cerca de 500 ações dos EUA na Arbitrum para seus clientes europeus

Enquanto as pontes entre finanças tradicionais e finanças descentralizadas se multiplicam, alguns atores não esperam mais o sinal verde. Robinhood, pioneira do trading popular, enfrenta uma nova fronteira: a tokenização massiva de ativos financeiros. Seu objetivo? Oferecer aos investidores europeus acesso fluido, fracionado e contínuo aos mercados americanos. Uma iniciativa que, além do aspecto técnico, questiona o futuro do capitalismo digital.

Arbitrum e TradFi: ações na blockchain sem possuir ações

Desde junho, Robinhood ultrapassou um marco importante com o lançamento de uma blockchain L2 dedicada ao trading de ações na Europa. Em seguida, lançou quase 500 tokens na blockchain Arbitrum. Esses ativos representam ações e ETFs americanas, mas não no sentido tradicional: não são ações detidas pelos usuários, mas derivativos digitais, estruturados segundo a diretiva europeia MiFID II.

Tom Wan, analista, resumiu a situação em um tweet de 17 de outubro: “Robinhood lançou 80 novos tokens em @arbitrum nos últimos dias, o que significa que os usuários europeus da Robinhood agora têm acesso a uma gama mais ampla de ações, títulos e ETFs americanos, graças à tokenização“.

A promessa é tripla: disponibilidade 24 horas por dia, taxas mínimas (0,1% de câmbio) e entrada a partir de 1 euro. A blockchain atua aqui como um intermediário, mas não como garantia de propriedade. Algo para intrigar ou seduzir um público cripto em busca de oportunidades híbridas.

Cripto e regulação: Robinhood na encruzilhada das ambições europeias

Enquanto alguns atores cripto recuam diante da regulação, Robinhood aposta na clareza. Com base no quadro MiFID II na Europa, a empresa transforma as restrições em alavanca estratégica. Em julho, o regulador lituano exigiu esclarecimentos sobre a estrutura desses tokens. Vlad Tenev, CEO da Robinhood, respondeu com confiança:

A tokenização é como um trem de carga. Nada pode pará-la, e ela acabará engolindo todo o sistema financeiro.

A estratégia parece estar dando resultados. Desde o lançamento, mais de 19,3 milhões de dólares em ativos foram mintados, com 11,5 milhões já queimados, prova de um mercado secundário ativo. Esse movimento está inserido em uma dinâmica maior, onde a cripto se transforma em ferramenta de acesso, investimento… e negociação.

Quando Robinhood sonha com uma Wall Street na Arbitrum

Robinhood não se limita a tokenizar. Paralelamente, desenvolve um ecossistema cripto mais amplo. Após integrar a WonderFi por 179 milhões de dólares em maio, lançou contratos futuros micro para Bitcoin, XRP e Solana. Alguns comentaristas já veem uma convergência mais avançada.

No X, um usuário resumia a intuição do mercado: “ Eles criam, de certa forma, uma ponte entre a exposição à TradFi e os mercados onchain“.

Em outras palavras, a empresa não vende apenas produtos financeiros, oferece uma nova experiência de investimento descentralizada. Essa visão está alinhada com a de Larry Fink, CEO da BlackRock, que vê a tokenização como uma ponte para aposentadorias e poupança de longo prazo.

Números chave para lembrar

• Robinhood já tokenizou 493 ativos com valor superior a 8,5 milhões de dólares;
• 70% dos tokens representam ações, 24% ETFs, o restante cerca de ETFs cripto, commodities e títulos do Tesouro;
• Os tokens estão acessíveis 24 horas por dia, a partir de 1 €;
• 19,3 milhões de dólares mintados, 11,5 milhões já queimados, sinal de mercado ativo.

Em setembro, a criptoesfera viu um símbolo: Robinhood integrou o S&P 500, enquanto a Strategy foi excluída. Como se os códigos antigos cedessem aos ousados. Esse último capítulo de tokenização marca uma revolução? Ou simplesmente um remake do capitalismo com contratos inteligentes?