Saída recorde de capitais nos ETF de BTC americanos

Em cinco dias, os ETFs de Bitcoin listados nos Estados Unidos perderam mais de 825 milhões de dólares líquidos, segundo a Farside Investors. Essa série de retiradas marca uma queda clara na demanda institucional conforme a aproximação de 2026. Após um ano marcado pelo entusiasmo em torno dos fundos lastreados em BTC, a tendência se inverteu durante este mês de dezembro.

Um êxodo de capitais nos ETF de Bitcoin

Os ETFs de Bitcoin à vista listados nos Estados Unidos encerraram o ano com uma série de saídas líquidas quase ininterruptas, exceto em 17 de dezembro.

De acordo com dados da Farside Investors, somente no dia 24 de dezembro houve retiradas de 175,3 milhões de dólares, levando o total dos últimos cinco dias de mercado a 825,7 milhões de dólares. Essa sequência representa um período de desengajamento massivo dos investidores institucionais.

O trader Alek, ativo no X (antigo Twitter), apresenta uma explicação usualmente aceita neste período do ano : “a maioria das vendas se deve ao tax loss harvesting, o que significa que isso deve acabar em uma semana”.

Aqui estão os fatos importantes observados durante esse período :

• Desde 15 de dezembro, todos os dias de bolsa (exceto 17/12) registraram fluxos de saída ;
• Mais de 825 milhões de dólares saíram dos ETFs de Bitcoin dos EUA em uma semana ;
• 175,3 milhões de dólares em retiradas somente no dia 24 de dezembro ;
• Único dia com fluxos positivos : 17 de dezembro, com entradas de 457,3 milhões de dólares ;
• O principal motivo mencionado : o tax loss harvesting, uma estratégia fiscal de final de ano ;
• Fator agravante : um importante vencimento de opções impactou o sentimento do mercado.

Para Alek, essa dinâmica é essencialmente temporária : “é temporário, e as instituições logo voltarão a comprar”, afirma ele. Vários analistas compartilham essa visão, acreditando que a liquidez não foi destruída, apenas está inativa.

Um retorno de fluxos positivos pode ocorrer já na reabertura dos mercados em janeiro, desde que as condições macroeconômicas e regulatórias permaneçam estáveis.

Quando a Ásia compra o que a América vende : rumo a uma recomposição geográfica dos fluxos

Além das considerações fiscais ou técnicas, um dado estrutural preocupa os analistas: o deslocamento do centro de gravidade da demanda por bitcoin.

O Coinbase Premium, um indicador que mede a diferença entre o preço do BTC no Coinbase (referência americana) e o preço na Binance (amplamente usada na Ásia), esteve negativo durante grande parte de dezembro.

Isso significa que o preço da principal criptomoeda é frequentemente mais baixo nos Estados Unidos do que na Ásia, indicando uma fraqueza persistente da demanda americana. Uma observação clara do analista Ted Pillows no X : “os Estados Unidos são agora os maiores vendedores de BTC. A Ásia é hoje o maior comprador”.

Essa mudança regional nos fluxos pode ter implicações muito mais profundas do que uma simples variação de curto prazo. Potencialmente, reflete um desalinhamento de interesses e estratégias entre os mercados ocidentais, mais sensíveis à tributação e à regulação, e os mercados asiáticos, onde a dinâmica de crescimento e a propensão ao risco parecem resistir melhor à incerteza macroeconômica.

Além disso, é importante notar que a média móvel de 30 dias dos fluxos nos ETFs de Bitcoin e Ether permanece negativa desde o início de novembro, indicando uma inércia mais persistente do que aparentam os movimentos diários isolados.

As saídas dos ETFs indicam um recuo institucional no bitcoin, revelando uma cautela maior neste final de ano. Resta saber se esse movimento traduz um desengajamento duradouro ou uma pausa tática antes de um possível reposicionamento no início de 2026.