Santiment aponta sinais perigosos de consenso

O mercado cripto vacila novamente, e a mesma pergunta volta : o bitcoin finalmente tocou o fundo ? Enquanto os analistas se empolgam e as previsões proliferam, a plataforma Santiment alerta à prudência. Segundo ela, os verdadeiros fundos de mercado nunca surgem quando todos os esperam. Por trás do otimismo coletivo, ela vê uma armadilha emocional temível, onde o excesso de confiança pode preceder uma nova queda. E se o pior ainda não passou ?

A ilusão do consenso nas redes sociais

Enquanto o bitcoin caiu abaixo dos 100.000 dólares, a Santiment alerta em seu último relatório contra um fenômeno bem conhecido por investidores experientes: a tentação de declarar prematuramente o fim de um ciclo de baixa.

“Seja prudente quando vir um consenso massivo em torno de um ponto baixo específico“, ressalta a plataforma especializada na análise do sentimento do mercado. Ela acrescenta : “os verdadeiros fundos de mercado frequentemente se formam quando a maioria espera uma nova queda“.

Esse alerta ecoa uma onda de otimismo surgida nas redes sociais após a queda do bitcoin abaixo dos 95.000 dólares na sexta-feira, uma baixa ocorrida em um contexto de retração das ações tecnológicas. Para Santiment, essa reação é um sinal de alerta, não uma confirmação de alta.

A análise da Santiment baseia-se em várias constatações factuais observadas nos últimos dias :

• Traders excessivamente confiantes : a queda do bitcoin foi interpretada por muitos como um “ponto baixo”, levando a crer que o mercado voltaria a subir ;

• Um falso sentimento de alívio : a quebra do limite psicológico de 100.000 dólares reforçou a impressão de que “o pior já passou” ;

• Um padrão histórico clássico : segundo Santiment, os mercados raramente atingem seu fundo quando o consenso popular o afirma ;

• O papel amplificador das redes sociais : estas favorecem a rápida propagação de discursos tendenciosos, que podem induzir uma percepção falsa do tempo do mercado.

Essa dinâmica de “prever um fundo de mercado” assemelha-se, portanto, a uma profecia autorrealizável invertida: quanto mais os investidores querem acreditar na recuperação, mais podem se deparar com uma nova queda.

Para Santiment, esses comportamentos coletivos afastados de qualquer rigor analítico distorcem a legibilidade do mercado e complicam qualquer tomada de decisão racional.

Os ETFs de Bitcoin como sinais de capitulação

Além da desconfiança em relação às previsões muito otimistas, Santiment observa uma deterioração clara do sentimento geral nas redes sociais, que contrasta fortemente com os discursos de “ponto baixo” mencionados anteriormente.

A proporção de comentários positivos sobre o bitcoin caiu ao seu nível mais baixo em mais de um mês. Ao mesmo tempo, a dominância social do BTC ultrapassou 40 %, tornando-se “o principal assunto de uma conversa marcada por grande medo“. Essa mudança no discurso online reflete um estado de tensão coletiva, onde as emoções dominam amplamente a análise racional.

Essa nervosidade se cristalizou em torno da figura de Michael Saylor, presidente executivo da Strategy, acusado injustamente por alguns de ter vendido bitcoins durante a recente queda dos preços. Ele negou formalmente esses boatos em uma entrevista, mas o dano foi feito: as menções ao seu nome explodiram online no mesmo momento da queda do BTC, ilustrando o poder das narrativas espontâneas no mercado cripto.

There is no truth to this rumor.

— Michael Saylor (@saylor) November 14, 2025

Paralelamente, os ETFs de Bitcoin americanos registraram saídas líquidas de 1,17 bilhão de dólares em três dias, incluindo 866 milhões em um único dia, o segundo pior resultado já registrado. No entanto, Santiment vê nesses fluxos um sinal potencialmente positivo, afirmando que “saídas significativas frequentemente coincidem com fundos de mercado, marcando um pânico dos investidores individuais“.

Esses elementos, embora contraditórios à primeira vista, pintam na verdade o retrato de um mercado profundamente incerto, onde a hiper-reatividade dos investidores pode tanto confundir os sinais quanto precipitar movimentos súbitos.

Se alguns analistas como Arthur Hayes ou Tom Lee continuam a mirar preços de 200.000 dólares até o final do ano, a evolução atual permanece marcada por uma volatilidade emocional aguda. No curto prazo, é provável que as flutuações sejam ditadas mais pela percepção do que pelos fundamentos.