Strategy lança uma IPO em euros para financiar a compra de Bitcoin

Michael Saylor continua com sua obsessão pelo bitcoin. Sua empresa Strategy acaba de apresentar um pedido de oferta pública inicial de uma ação denominada em euros, especialmente concebida para levantar fundos e adquirir ainda mais BTC. Essa iniciativa será suficiente para reanimar uma dinâmica de compra que mostra sinais de cansaço?

Strategy quer reforçar suas posições em Bitcoin por meio de uma captação em euros

Strategy ultrapassa um novo marco em sua busca insaciável por Bitcoin. A empresa de Michael Saylor apresentou na segunda-feira um pedido para emissão de 3,5 milhões de ações perpétuas sob o símbolo STRE, cada uma avaliada em 100 euros (115 dólares).

Esses títulos oferecerão um dividendo acumulado de 10% pago trimestralmente a partir de 31 de dezembro. Barclays, Morgan Stanley, Moelis e TD Securities lideram essa operação ambiciosa.

Essa iniciativa marca uma virada estratégica. Strategy agora mira investidores institucionais europeus, excluindo voluntariamente os indivíduos. A empresa busca manifestamente diversificar suas fontes de financiamento além do mercado americano, onde seu modelo econômico começa a suscitar dúvidas.

Michael Saylor permanece inflexível em sua estratégia. Durante uma teleconferência na última quinta-feira, ele afirmou claramente que “o objetivo é vender crédito digital, melhorar o balanço, comprar bitcoin e comunicar isso aos investidores de crédito e ações“. Não há intenção de fundir com concorrentes ou mudar de rumo, mesmo que isso possa parecer “potencialmente vantajoso”.

Sinais contraditórios que alimentam dúvidas

O timing chama atenção. Strategy acabou de adquirir 397 BTC no início de novembro por cerca de 45,6 milhões de dólares, elevando seu tesouro total para 641.205 bitcoins. Uma carteira que apresenta um retorno de 26,1% desde janeiro. No entanto, esses números ocultam uma realidade mais matizada.

As compras da Strategy desabaram em outubro com apenas 778 BTC adquiridos, contra 3.526 em setembro. Essa queda de 78% contrasta fortemente com o ritmo de acumulação do primeiro semestre, quando a empresa comprava mais de 20.000 BTC mensais. 

Esse desaceleração brusca desestabiliza a comunidade cripto, que monitorava cada movimento de Saylor como um barômetro de confiança institucional.

Os analistas se dividem. Alguns veem isso como um simples período de consolidação após uma acumulação intensa. Outros temem um reposicionamento defensivo diante de um mercado Bitcoin que tem dificuldade para retomar altitude. 

A rejeição da Strategy pelo S&P 500 em setembro passado aumentou essas preocupações. O JPMorgan avalia que essa recusa constitui um “golpe para os tesouros cripto”, sugerindo que o modelo de exposição indireta ao bitcoin pode ter “atingido seus limites”.

Uma estratégia de dois gumes

A emissão de ações em euros representa uma aposta audaciosa. Strategy tenta ampliar sua base de investidores enquanto mantém seu modelo de acumulação de bitcoin. Mas a multiplicação de empresas que imitam essa abordagem pode diluir sua vantagem competitiva. Vários analistas temem saturação do mercado e compras forçadas entre concorrentes para sobreviver.

Saylor rejeita essas preocupações. Ele descarta categoricamente qualquer operação de fusão e aquisição, preferindo manter o foco em sua estratégia original. Esta oferta pública inicial europeia testa a força dessa convicção. 

Se os investidores institucionais europeus estiverem presentes, a Strategy consolidará sua posição como líder incontestável dos tesouros em bitcoin. Caso contrário, as dúvidas sobre a viabilidade a longo prazo desse modelo só aumentarão.