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Tensões internas dominam cúpula BRICS no Rio

Thu 03 Jul 2025 ▪ 5 min de leitura ▪ por Luc Jose A.
Informar-se Géopolitique

À medida que o equilíbrio geopolítico mundial se fragiliza, o Rio recebe nos dias 6 e 7 de julho de 2025 uma cúpula dos BRICS sob tensão. Concebido como um contrapeso ao G7, o bloco tem dificuldades para representar a unidade do Sul global. Discordâncias internas, ausência de Xi Jinping, retorno ofensivo de Donald Trump: a 17ª edição ilustra menos uma ascensão em poder do que um questionamento sobre a coerência estratégica dos membros. Na era das ambições multipolares, os BRICS enfrentam tanto uma crise de legitimidade quanto um teste de credibilidade internacional.

Os BRICS estão divididos antes da cúpula no Rio.

Em resumo

  • A cúpula dos BRICS 2025 ocorre no Rio em um contexto geopolítico tenso e marcado pelo retorno de Donald Trump.
  • A ausência de Xi Jinping e a participação virtual de Vladimir Putin enfraquecem o impacto político do evento.
  • Apesar de algumas posições conjuntas, como a condenação dos ataques no Irã, a unidade do bloco parece frágil e incoerente.
  • A cúpula do Rio, longe de representar uma virada, reflete principalmente um bloco fragmentado e enfraquecido, com ambições freadas por suas divisões internas.

Uma cúpula sob tensão : divisões internas e símbolos de unidade fragmentada

Um dos fatos mais marcantes da cúpula dos BRICS deste ano é a ausência do presidente chinês Xi Jinping, substituído pela primeira vez pelo seu Primeiro-Ministro, Li Qiang. Uma ausência simbolicamente pesada em um contexto já delicado, enquanto o grupo busca fortalecer sua influência diante da ressurreição de Donald Trump no cenário internacional.

Do lado russo, o presidente Vladimir Putin também não comparecerá presencialmente às discussões, limitando-se a uma participação por videoconferência. O ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, será o representante no local.

Estas ausências notáveis pesam muito na dinâmica da cúpula, que visa projetar a imagem de uma frente unida das economias emergentes contra a liderança ocidental representada pelos Estados Unidos.

Diversos sinais indicam que o bloco dos BRICS atravessa uma fase de desalinhamento estratégico. Alguns episódios recentes evidenciaram claramente as tensões internas do grupo :

  • Em abril passado, os ministros das Relações Exteriores da aliança não conseguiram chegar a um acordo sobre um comunicado conjunto, principalmente devido a divergências na formulação de apoio a assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU para Brasil, Índia e África do Sul ;
  • Em contraste, algumas semanas depois, esses mesmos países assinaram uma declaração conjunta denunciando os ataques americanos e israelenses ao Irã, qualificados pelos BRICS como “violações do direito internacional”, demonstrando uma capacidade pontual de coordenação, mas limitada a certos temas ;
  • Falta de comunicação clara sobre os objetivos econômicos de longo prazo do grupo alimenta o ceticismo quanto à sua coesão real.

Esses elementos fragilizam a credibilidade do bloco dos BRICS, especialmente frente às grandes potências ocidentais. A falta de alinhamento estratégico entre China, Índia e Brasil em questões-chave, como a reforma das instituições internacionais, questiona sua capacidade de oferecer uma alternativa crédida ao modelo de governança global existente. A cúpula do Rio, que deveria marcar uma etapa de consolidação, corre o risco de reforçar a imagem de um bloco fragmentado, mais reativo do que visionário.

A unidade política inexistente compromete as ambições monetárias dos BRICS

Se a cúpula do Rio revela as fraturas diplomáticas do grupo, ela também ilumina outro projeto paralisado: o de uma nova arquitetura monetária. Um dos projetos mais aguardados, uma possível moeda comum ou um sistema de liquidação transfronteiriço independente do dólar, parece atualmente estagnado.

A ausência conjunta de Xi Jinping e Vladimir Putin, dois dos principais arquitetos dessa visão financeira alternativa, reduz consideravelmente as perspectivas de anúncios ambiciosos. Nenhum projeto concreto foi avançado até o momento na cúpula.

Ao contrário das expectativas formuladas antecipadamente por alguns observadores, nenhuma declaração oficial mencionou cronogramas, modelos ou coalizões em torno de uma cripto dos BRICS ou de um sistema monetário descentralizado.

A decisão de não incluir esses temas na agenda principal da cúpula, combinada com a ausência de liderança proativa nessa área, sugere que desacordos internos impedem qualquer avanço significativo. Esse silêncio contrasta com as posições assumidas no passado por alguns líderes, especialmente Rússia e China, que defendiam um “sistema de pagamento independente” capaz de reduzir a dependência do dólar e das redes SWIFT.

Essa inércia tem consequências profundas. Para os atores do ecossistema cripto, especialmente nos países do Sul global, uma iniciativa dos BRICS em torno de uma plataforma de investimentos e um sistema de pagamento baseado em blockchain poderia representar uma alternativa importante às infraestruturas monetárias ocidentais. No estado atual, a ausência de uma visão comum compromete essa ambição. Pior ainda, envia uma mensagem de desorganização que pode atrasar ou até mesmo desestimular qualquer tentativa futura de coordenação monetária. A cúpula do Rio, ao invés de representar a tão esperada virada estratégica, pode acabar simbolizando o esgotamento de um projeto de reforma monetária multilateral sustentada pelas economias emergentes.

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Luc Jose A.

Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.

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