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A China aposta no yuan digital para combater a hegemonia do dólar

9h15 ▪ 5 min de leitura ▪ por Mikaia A.
Informar-se Geopolítica

Houve um tempo, não muito distante, em que Donald Trump ameaçava: todo país que ousasse construir um futuro sem o dólar seria punido por uma avalanche de tarifas alfandegárias. Taxar, sancionar, isolar: esse era o aviso para quem se desviava do eixo verde. Mas dentro dos BRICS, a ameaça soa vazia. A China, por sua vez, não revida com bombas nem mísseis. Ela saca outra arma: sua moeda digital, o yuan digital ou e‑CNY. Não é uma guerra monetária, mas um novo mapa das finanças globais.

Estrategista chinês manipulando uma moeda de Yuan para esmagar uma torre que simboliza o dólar

Em resumo

  • O yuan digital serve como uma ferramenta estratégica da China para remodelar as finanças internacionais atuais.
  • A China lança o e‑CNY em escala regional por meio do CIPS, UnionPay e mBridge.
  • 261 milhões de usuários já adotaram o yuan digital nos serviços públicos e comércios chineses.
  • As sanções ocidentais são contornadas graças ao yuan digital no petróleo, ouro e swaps.

Yuan digital: a China revela sua carta na geopolítica financeira

Em Xangai, o governador do Banco Central da China, Pan Gongsheng, deu o tom. Em meio a tensões comerciais com os EUA, ele quer construir um sistema monetário multipolar. Menos dólar, mais equilíbrio. Durante o Fórum Lujiazui, ele declarou

Desenvolver um sistema monetário internacional multipolar contribuirá para fortalecer a estabilidade financeira global.

O cerne do dispositivo: um centro internacional de gestão do e‑CNY, apoiado no sistema CIPS, alternativa à rede SWIFT. Bancos como o Standard Bank e o First Abu Dhabi Bank já aderiram.

Pan também denuncia as falhas atuais: “As infraestruturas de pagamentos transfronteiriços podem ser politizadas e usadas como instrumentos de sanções unilaterais“. As finanças não são mais neutras; tornam-se campo de batalha.

O e‑CNY permite à China garantir a segurança de suas transações, ao mesmo tempo em que evita o dólar. É uma manobra econômica, mas também diplomática. Porque onde os Estados Unidos isolam, Pequim cria laços: Rússia, Irã, Golfo Pérsico. A moeda digital torna-se uma alternativa à hegemonia.

Finanças líquidas: adoção massiva e uso diário

Nas ruas da China, o e‑CNY já é realidade. Mais de 261 milhões de usuários o utilizam, com um volume acumulado que ultrapassa 7,3 trilhões de dólares (Blockhead). O cotidiano se converte: transportes, salários, impostos. Não é preciso conta bancária. Um QR code basta, mesmo offline.

Em Jiangsu, funcionários são pagos em yuan digital. Em Chengdu, usa-se no mercado. Não é mais uma experimentação. É um reflexo digital. Até turistas têm acesso, por meio de um simples aplicativo móvel.

Mas a ambição de Pequim ultrapassa suas fronteiras. A UnionPay, apoiada pelo PBoC, implanta pagamentos por QR na Ásia do Sudeste. Camboja, Vietnã, Laos: o ecossistema se exporta. Graças ao mBridge, as transações entre Hong Kong e Abu Dhabi são concluídas em 7 segundos, com custo reduzido em 98% (Blockhead).

No X, Josh Ryan-Collins escreve:

As moedas digitais dos bancos centrais poderiam aumentar os lucros públicos provenientes do senhorio.

Mais que uma tecnologia, o yuan digital torna-se um instrumento fiscal e político.

Finanças globais: quando Pequim desestabiliza a ordem estabelecida

O yuan digital não é apenas um gadget monetário. É um instrumento estratégico que redesenha os equilíbrios em zonas em busca de emancipação do dólar. Pequim não apenas afirma isso. Ela prova:

  • 3ª moeda para pagamentos globais, segundo a SWIFT;
  • 2ª moeda usada para financiar o comércio internacional;
  • 38% dos fluxos comerciais na Ásia são liquidados em yuan, contra menos de 10% há dez anos;
  • 5 trilhões de yuans em swaps cambiais ativados com bancos centrais parceiros;
  • Petróleo e ouro pagos em e‑CNY com países alvo de sanções ocidentais.

Mas o caminho ainda é sinuoso. Os controles de capitais ainda dificultam a livre circulação do yuan no exterior. E mesmo com a alta do RMB, ele representa apenas 4% das reservas globais, contra 60% do dólar.

A China avança, com método discreto, mas impacto profundo. Ela não busca dominar, mas oferecer uma alternativa. E essa alternativa atrai Moscou, Teerã ou os parceiros da Iniciativa Belt and Road. A aposta? Uma finança paralela, menos vulnerável às sanções, mais adaptada às alianças do século XXI.

Nos Estados Unidos, Donald Trump matou no nascedouro qualquer projeto de dólar digital. Para ele, uma CBDC ameaça a liberdade individual. “Vamos proibir toda forma de moeda digital de banco central“, declarou ao retornar ao poder. Resultado: as finanças digitais americanas estagnam enquanto a China constrói.

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Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

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