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Este US: As escolhas econômicas de Pequim preocupam os mercados

8h15 ▪ 6 min de leitura ▪ por Mikaia A.
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As relações econômicas entre Pequim e Washington são marcadas por turbulências, acordos temporários e desilusões recorrentes. Último exemplo: a suspensão dos aumentos das tarifas alfandegárias por um período de 90 dias. Mas essa pausa diplomática não oferece nenhuma garantia de estabilidade duradoura para a economia mundial. Aliás, a China acaba de enviar um sinal com aparência de provocação monetária. Em março, ela reduziu massivamente seus ativos em dívida americana. Uma decisão que pode reacender as tensões.

Uma multidão chocada com um líder chinês cortando uma nota de US$ 100

Em resumo

  • A China vendeu 18,9 bilhões de dólares em dívida dos EUA e caiu para o 3º lugar mundial.
  • O Reino Unido ultrapassa Pequim em créditos, com montante de 779,3 bilhões de dólares detidos.
  • A Moody’s rebaixou a nota dos Estados Unidos, causando preocupações sobre a sustentabilidade orçamentária americana.
  • A economia chinesa agora prefere encurtar seus vencimentos e diversificar suas reservas discretamente.

Pequim cede terreno em títulos do Tesouro

Em março de 2025, a China vendeu quase 19 bilhões de dólares em títulos do Tesouro americano. Sua carteira passou de 784,3 para 765,4 bilhões de dólares. Essa queda significativa ocorre em um clima de desconfiança, em meio a uma guerra tarifária com os Estados Unidos. Mesmo que a administração Trump tenha suspendido parte de suas sobretaxas por 90 dias, a confiança permanece abalada.

A China desceu para a terceira posição entre os credores estrangeiros dos Estados Unidos. O Reino Unido agora a ultrapassa, com uma carteira estimada em 779,3 bilhões de dólares. No topo, está o Japão, ainda detentor de mais de 1.130 bilhões de dólares em títulos americanos.

Mas não se trata de um simples reposicionamento. Para muitos analistas chineses, essa decisão visa proteger-se de uma economia americana demasiado imprevisível. Yu Yongding, ex-conselheiro do banco central da China, declara:

A China deve elaborar uma série de contramedidas por meio de cenários repetitivos. Ela deve proteger a segurança de seus ativos no exterior.

Esse movimento estratégico também ocorre no momento em que a Moody’s rebaixou a nota da dívida soberana americana de “AAA” para “Aa1”. Um sinal de que os EUA estão tendo dificuldades para controlar sua própria trajetória orçamentária. Nesse contexto, Pequim pode ser tentada a remodelar sua estratégia de exposição ao dólar.

Diversificar, encurtar, reposicionar: a economia chinesa em retração estratégica

Esse desinvestimento relativo não é sinônimo de ruptura. Brad Setser, ex-funcionário do Tesouro americano, analisa assim o gesto chinês: “Eu penso que a China busca reduzir a duração em vez de abandonar o dólar“. Em outras palavras, Pequim prefere títulos de curto prazo, mais líquidos, aos de longo prazo, mais voláteis.

Essa decisão está inserida numa lógica de redução de riscos. Em um mundo onde as tensões geopolíticas se intensificam, a economia chinesa não pode se permitir uma dependência excessiva de um único emissor, mesmo que seja dos Estados Unidos.

Os dados de março também revelam uma ascensão dos outros atores:

  • Japão: +22 bilhões, totalizando 1.130 bilhões de dólares;
  • Canadá: +20,1 bilhões, alcançando 426,2 bilhões;
  • Bélgica: +7,4 bilhões, para 402,1 bilhões (incluindo contas chinesas);
  • Ilhas Cayman: +37,5 bilhões, totalizando 455,3 bilhões.

Paralelamente, o índice Bloomberg Dollar Spot caiu 1,8% em março, aumentando a volatilidade nos mercados. Além disso, os rendimentos dos títulos de 10 anos subiram de 3,86% para 4,59% no mês seguinte.

Apesar do recente relaxamento após um acordo comercial com o Reino Unido e um encontro bilateral sino-americano, a instabilidade permanece intensa. Pois mesmo que as estatísticas mostrem um aumento global dos ativos estrangeiros (+233 bilhões em março), a desconfiança em relação à política econômica americana não diminui.

A economia mundial sob pressão: um sinal com múltiplas interpretações

A redução dos ativos chineses em dívida americana atua como um termômetro do clima econômico internacional. Pequim não sai dos mercados dos EUA, mas ajusta metodicamente suas posições – apesar do receio de uma possível tomada de controle do bitcoin. A economia mundial poderia ver nisso um prelúdio para outras arbitragens futuras, mais radicais.

Essa transição pode ser lida através de cinco índices-chave:

  • $27,6 bilhões: o montante líquido das vendas chinesas em títulos de longo prazo;
  • 20 anos: é a primeira vez em duas décadas que o Reino Unido ultrapassa a China;
  • $9.050 bilhões: o total dos ativos estrangeiros em títulos do Tesouro (recorde absoluto);
  • 5%: peso dos ativos chineses em relação ao PIB americano;
  • 90 dias: duração do cessar-fogo tarifário sino-americano recentemente decidido.

Esse movimento chinês ainda não perturba violentamente o mercado. Mas ele envia uma mensagem: Pequim pode, a qualquer momento, modificar seus mecanismos monetários em resposta a um ataque tarifário ou político. Alguns analistas veem nessa decisão um teste de resistência: até onde os Estados Unidos podem depender da boa vontade de seus credores?

Além disso, as reservas estrangeiras da China continuam a crescer por meio de canais discretos, como os grandes bancos estatais. Essas operações escapam em parte ao radar das estatísticas do Tesouro dos EUA (dados TIC), complicando qualquer leitura clara dos fluxos.

A redução dos títulos do Tesouro pela China soa como um alerta discreto, porém poderoso. Na BlackRock, alguns estrategistas acreditam que Pequim poderia orientar-se para o ouro ou as criptomoedas como soluções de recurso. Pois, em uma economia globalizada em tensão constante, a independência monetária torna-se uma ferramenta estratégica, quase vital.

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Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

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