O retorno em grande estilo das ICOs com Pump.fun, 500 milhões de dólares levantados em um instante

Pensava-se que os memecoins estavam enterrados, e seu laboratório favorito – Pump.fun – definitivamente relegado ao esquecimento. Mas contra todas as expectativas, a fera ainda respira. Pior: ela ruge. Em 12 minutos, Pump.fun levantou 500 milhões de dólares, reacendendo as discussões sobre o futuro das ICOs e sobre o poder de fascínio que ainda exercem as criptomoedas mais frívolas. Tudo isso em meio a controvérsias, contradições públicas e um persistente cheiro de manipulação algorítmica.

O feito financeiro do Pump.fun: máscaras douradas e bastidores em chamas

12 minutos. Foi o tempo que Pump.fun levou para levantar 500 milhões de dólares durante sua ICO. O token PUMP, oferecido a 0,004 $, foi comprado em 125 bilhões de unidades. A plataforma de criação de memecoins na Solana aproveitou para reforçar que não estava morta: 1 bilhão de dólares arrecadados no total, incluindo a venda privada para institucionais.

Os números são impressionantes, mas uma leitura atenta revela fissuras. Segundo a CCN, a receita do Pump.fun caiu 92% desde janeiro. Os lançamentos diários de tokens caíram de 1.100 para 69. Apesar dessa queda acentuada, o valor diluído ultrapassa 4 bilhões de dólares. Um absurdo para alguns observadores.

Jocy, fundadora da IOSG Ventures, resume a ironia:

Em um mercado onde o poder de compra está em baixa, tal valorização é insustentável. Ela contraria as lógicas fundamentais.

“Every pre-sale is a scam”: preso por seus próprios arquivos

Antes de ser um titã das arrecadações rápidas, Pump.fun se apresentava como um bastião anti-pré-venda. Seu fundador repetia que “cada pré-venda é um golpe” – “Every pre-sale is a scam”. Hoje, ele organiza uma venda pública de 500 milhões de dólares. A ironia não passou despercebida.

A plataforma, inicialmente apresentada como um playground descentralizado para os degens, está sob os holofotes… e sob fogo de críticas. Jocy continua:

É uma manobra de saída disfarçada. A equipe busca liquidar sua posição, mascarada como um sucesso comunitário.

Até as exchanges de cripto mais estabelecidas como Kraken ou KuCoin foram solicitadas para hospedar a venda. O ingresso? Até 1 milhão de dólares por comprador, mas sem investidores americanos ou britânicos, excluídos por razões regulatórias.

Essa reviravolta provocou uma onda de indignação no Twitter, Reddit e na imprensa cripto. Alguns já falam do Pump.fun como um modelo econômico construído na areia. Outros veem um retorno perigoso das ICOs versão 2017.

Cripto ou caos? Pump.fun e a máquina de rug pulls

A reputação do Pump.fun não está apenas manchada por suas contradições. Ela é ativamente erosionada por seus números internos. Segundo a Coinbase, um único indivíduo seria responsável por 18.000 tokens criados via Pump.fun: “Ele acorda, cria uma dúzia de tokens por hora, dorme, e recomeça. Faz isso há meses“.

Pior ainda, 98,6% dos tokens lançados na plataforma seriam golpes ou rug pull. Um número que transforma o ICO recorde em a vitrine de um ecossistema tóxico.

Alguns números para lembrar:

• 500 milhões de $ levantados em 12 minutos durante o ICO PUMP a 0,004 $ ;
• 700 milhões de $ de receitas históricas geradas pela plataforma Pump.fun ;
• 11 milhões de tokens criados desde o lançamento, mas 98,6% considerados fraudulentos ;
• 18.000 tokens produzidos por um único indivíduo ao longo de vários meses.

Pump.fun, em sua frenética criatividade, aparece menos como uma usina de inovações e mais como um acelerador de caos cripto. A promessa de um Web3 desintermediado se transforma, para muitos, na sensação de terem sido enganados. O sucesso numérico mal consegue ocultar uma plataforma à deriva, à mercê de bots e processos judiciais.

Apesar dessa captação espetacular, Pump.fun não está mais sozinho na arena. Do outro lado, LetsBonk atrai cada vez mais criadores de memecoins na Solana. A guerra das plataformas está lançada. E nessa batalha onde a ousadia às vezes beira o golpe, uma coisa é certa: o trono das cryptomoedas meme está mais disputado do que nunca.