70M$ de entradas esta semana: os ETFs de Bitcoin voltam a subir

O mercado cripto, que recentemente parecia um deserto emocional, aos poucos recupera suas cores. Não é um tapete vermelho, claro. Mas o impulso está lá. As grandes saídas se acalmaram, as “baleias” aparecem, e até os ETFs – esses produtos financeiros às vezes vistos como entediantes – parecem voltar a atrair. Entre um otimismo tímido e sinais técnicos encorajadores, uma coisa é certa: algo mudou. E o bitcoin não está mais sozinho. Ethereum, Solana… toda a matilha tenta avançar.

Bitcoin volta a ser desejável: as “baleias” mudam de rumo

Após quatro semanas de sangria, totalizando 4,35 bilhões de dólares em perdas, os ETFs de Bitcoin respiram novamente. Na semana passada, 70 milhões de dólares retornaram aos cofres. O valor é modesto, mas a simbologia é forte. Os investidores principais reaparecem, os gráficos respiram.

O RSI do Bitcoin beira a zona de sobrevenda, o que pode indicar um fundo. Vários atores principais reabriram posições longas, o que sugere uma possível recuperação para a faixa de 100.000 a 110.000 dólares.

Claro que a BlackRock sofreu 113,7 milhões de dólares em saídas no seu IBIT. Mas Fidelity e ARK 21Shares compensaram com entradas de 77,5 M$ e 88 M$, respectivamente. A dinâmica está mais difusa, mas é real. A dúvida diminui, a convicção volta.

BlackRock, ETH e o retorno dos titãs do mercado cripto

O ETF IBIT da BlackRock tornou-se em menos de um ano seu produto mais rentável. Ele gera 245 milhões de dólares em taxas por ano e já pesa 70 bilhões de dólares. Este fundo detém 3,9% do BTC mundial. O institucional não é mais espectador.

Mas esta semana, quem surpreendeu foi o Ethereum. O fundo ETHA captou 257,2 milhões em quatro dias, o que representa 82% dos fluxos de entrada em ether. O total semanal chegou a 312,6 milhões, apagando três semanas de declínio, incluindo uma queda de 728,6 milhões em meados de novembro.

Os preços atuais não refletem a melhoria do contexto macroeconômico. Se os investidores reavalizam suas expectativas, o potencial de alta do Bitcoin está subestimado, analisa André Dragosch da Bitwise Europe.

Os ETFs de Ether totalizam agora 19,15 bilhões em ativos, ou 5,2% da capitalização do Ethereum. A revanche se organiza em silêncio, mas faz barulho nos fluxos.

Cripto: Solana freia, os ETFs se agitam, a confiança começa a aparecer

Solana quebrou sua sequência de 21 dias de entradas positivas com uma saída de 8,1 milhões na quarta-feira. Mas já na sexta-feira, o vento virou: 5,4 milhões retornaram. Grayscale (4,33 M$) e Fidelity (2,42 M$) alimentaram a recuperação, mesmo que 21Shares registre 1,4 M$ em retiradas.

Essa hesitação não é isolada. Na sexta-feira, 3,4 bilhões de dólares foram negociados nos ETFs de Bitcoin. Para Ethereum, circulou 1,11 bilhão. Uma atividade intensa, apesar das cicatrizes ainda recentes.

James Butterfill, pesquisador da CoinShares, faz uma constatação forte: o mês passado representa a terceira maior série de retiradas desde 2018, com uma queda de 36% nos ativos sob gestão.

A indústria cripto ainda sofre, mas está se movendo. Os produtos financeiros, frequentemente frios, tornaram-se termômetros de um mercado que busca reviver.

O que lembrar esta semana

• 70 M$ em entradas líquidas para os ETFs de Bitcoin após quatro semanas em vermelho;
• 90.902 dólares: preço atual do BTC, ligeiramente em queda após um pico em 91.000 $;
• 312,6 M$ injetados nos ETFs de Ethereum, com cinco dias consecutivos de fluxos positivos;
• 5,4 M$ em entradas para Solana apesar de uma interrupção em sua sequência;
• 245 M$: receita anual gerada pelo ETF IBIT da BlackRock.

Pelo ritmo das coisas, fica uma pergunta no ar: o bitcoin já terminou de cair? Um analista conhecido do setor identificou recentemente uma configuração explosiva. Se os fluxos confirmarem a tendência, o BTC pode subir mais rápido do que o esperado. Os sinais se alinham. Resta saber se o foguete está pronto para uma nova decolagem.