Bitcoin e a montanha da dívida japonesa
Quanto tempo o Japão poderá aguentar a alta dos juros sem acionar a máquina de imprimir dinheiro?
Em resumo
- As taxas de empréstimo japonesas disparam desde o fim do Afrouxamento Quantitativo. A relação dívida/PIB atingiu 260%, mais do que a da Grécia.
- Na origem dessa dívida: o envelhecimento da população (40% com mais de 65 anos até 2035) e o aumento dos gastos com saúde e aposentadoria.
- O bitcoin é a reserva de valor óbvia diante do colapso do valor das moedas fiduciárias.
O que está acontecendo no Japão?
Em 45 dias, a taxa de empréstimo do governo japonês a 30 anos disparou 1%, atingindo o recorde de 3,20%. Enquanto em 2018 a taxa a 40 anos era de apenas 0,25%, hoje está em 3,5%, em meio a tensões comerciais com os Estados Unidos.
As taxas vêm subindo implacavelmente desde que o banco central japonês (BoJ) parou de recomprar a dívida pública via “Afrouxamento Quantitativo”.
Imagine que ele já detém 52% de toda a dívida pública! Isso significa que o governo japonês não paga mais juros sobre 52% de sua dívida. O Japão provavelmente já teria dado calote sem a BoJ.
A dívida japonesa é de 7,8 trilhões de dólares. Esse total torna o governo japonês o terceiro mais endividado do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China.
A relação dívida/PIB recentemente ultrapassou 260% pela primeira vez na história. É o dobro dos Estados Unidos. O Japão exibe uma das piores relações do mundo, junto com Grécia, Líbano, Sudão, Argentina e Venezuela.
Na semana passada, o primeiro-ministro japonês declarou que a situação financeira do país é “pior que a da Grécia”… Contudo, vale destacar que as reservas cambiais do país chegam a 1,4 trilhão de dólares e o fundo público de pensão está bem abastecido com 1,6 trilhão.
Em comparação, a França possui apenas 530 bilhões em reservas e não tem fundo de pensão (sistema de aposentadoria por repartição). Talvez seja hora de acumular bitcoins minerados pela EDF…
Por que o Japão tem uma dívida tão alta?
O alto nível da dívida pública decorre principalmente de décadas de déficits orçamentários persistentes e crescimento econômico quase nulo, ambos amplamente atribuídos ao envelhecimento da população.
A causa é a baixa taxa de natalidade do Japão. Em 2001, 18% da população tinha mais de 65 anos. Foi 30% em 2024 e será quase 40% em dez anos.
O aumento da expectativa de vida junto com o declínio demográfico prejudicou as contas públicas devido às aposentadorias e gastos com saúde. Reformas importantes desde 2010 para reduzir os gastos médicos e o peso das aposentadorias não foram suficientes. É difícil ver como as taxas poderiam cair nesse contexto.
A única saída seria voltar a acionar a máquina de imprimir dinheiro. As taxas cairiam, mas isso custaria no fim das contas mais inflação e um iene mais fraco. A inflação está quase em 4% e o iene vem em queda livre desde 2011 (-46%). Não há milagre…
A tendência é semelhante nos Estados Unidos. A dívida atinge 130% do PIB, metade do que o Japão vive. Contudo, ao contrário do Japão, os EUA apresentam um déficit comercial gigantesco de mais de 1,1 trilhão de dólares por ano.
A moeda de qualquer país com esse déficit deveria desabar e provocar uma inflação monstruosa. Não é o caso dos EUA, que têm a vantagem de imprimir a moeda de reserva internacional. Mas por quanto tempo ainda?
Os BRICS não querem mais o dólar e até o CEO da BlackRock vê o bitcoin assumindo o lugar caso o governo dos EUA não reduza seus déficits.
Bitcoin contra o esquema Ponzi fiduciário
Apesar das promessas de campanha, o déficit americano deve aumentar 3,8 trilhões de dólares este ano. O novo Secretário do Tesouro Scott Bessent escolheu apostar no crescimento do PIB ao invés da redução dos gastos.
Pouco convencido, a Moody’s rebaixou a nota dos EUA em 17 de maio. De fato, é preciso energia para gerar crescimento.
Crescimento = Produção = Máquinas = Energia = Petróleo (95% do transporte funciona a petróleo)
Os EUA conseguiram sair da crise de 2008 (pico do petróleo convencional mundial) graças ao petróleo de xisto. Infelizmente, essas reservas secundárias já estão secas:
Em outras palavras, assim como no Japão, a inflação é inevitável. Ela foi de 25% nos últimos cinco anos. É assim, petróleo, cobre, lítio, cobalto ou níquel não se imprimem.
O retorno do impacto será duro e Washington sabe disso. Uma saída seria acumular milhões de bitcoins antes de todos. A propósito, fique atento às declarações do vice-presidente JD Vance nesta quarta-feira, 28 de maio, na Conferência Bitcoin.
Para finalizar, lembramos que a inflação atinge fortemente os mais pobres, enquanto quem possui imóveis de luxo, obras de arte, etc., se beneficia.
Certamente, não há petróleo na blockchain, mas o bitcoin é a melhor reserva de valor da história da humanidade acessível a todos. Você pode comprar 100 euros em bitcoins, mas não 100 euros em Mona Lisa.
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Reporting on Bitcoin and geopolitics.
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