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Banco Central do Brasil considera o Bitcoin arriscado demais para reservas nacionais

Sun 24 Aug 2025 ▪ 6 min de leitura ▪ por Mikaia A.
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Uma reserva nacional em bitcoin: utopia fiscal ou acelerador audacioso para a indústria cripto? O conceito atrai alguns como uma oportunidade histórica de modernizar os cofres do Estado. Outros, mais cautelosos, veem um risco desmedido. E no Brasil, o Banco Central e o governo claramente não estão na mesma página. Enquanto alguns sonham com um futuro digital soberano, outros freiam. Por trás dos números e das leis, travase uma batalha ideológica mundial em torno da rainha das criptos, que ultrapassa em muito as fronteiras brasileiras.

Manter Bitcoin como ouro digital? Banco Central do Brasil diz não

Em resumo

  • O Brasil planeja investir até 18,6 bilhões de dólares das reservas em bitcoin.
  • O Banco Central alerta sobre os riscos e se recusa a considerar o bitcoin como ativo de reserva.
  • Uma taxa de 17,5% sobre ganhos em cripto impacta principalmente pequenos investidores locais.
  • Em 2024, o país ficou em 10º lugar no mundo na adoção de criptomoedas, com volume de negociações de 76 bilhões de dólares.

Guerra fria em Brasília: o Banco Central fecha o sonho Bitcoin

É um cabo de guerra que o Brasil não via há muito tempo no setor financeiro, alimentado por uma vontade de extinguir o dólar e redesenhar sua soberania monetária. O Banco Central sacou a artilharia pesada contra o projeto de reserva em bitcoin. Luís Guilherme Siciliano, diretor de reservas internacionais, expressou sua firme oposição ao projeto. Segundo ele, o bitcoin não corresponde aos padrões de ativo de reserva. Baseou-se na classificação do FMI, que categoriza o BTC entre ativos “não financeiros e não produzidos”, assim como recursos naturais como terras ou minerais.

Por outro lado, alguns membros do governo veem uma mudança audaciosa a ser tomada. Pedro Giocondo Guerra, chefe de gabinete do vice-presidente, defende essa visão com uma declaração clara e firme:

Debater com rigor a constituição de uma reserva soberana de valor de bitcoin é de interesse público e será determinante para a nossa prosperidade. Afinal, bitcoin é o ouro digital, o ouro da internet.

Dois campos, duas visões de mundo. Um aposta na prudência monetária, o outro na disrupção econômica. Quem terá a última palavra neste jogo de equilíbrio entre tradição e modernidade?

Cripto tributada, cripto valorizada: uma estratégia que faz tossir

Tributar com uma mão, investir com a outra: uma estratégia que faz mais de um na comunidade cripto tossir. Desde junho, o Brasil aplica uma taxa uniforme de 17,5% sobre todos os ganhos de capital relacionados a criptomoedas. Acabaram as faixas de isenção. Os pequenos investidores pagam o preço alto, mesmo enquanto o país considera injetar até 18,6 bilhões de dólares das suas reservas em bitcoin.

Uma contradição? Para alguns, sim. Esta guinada fiscal, destinada a reforçar os cofres do Estado, envia uma mensagem confusa para aqueles que acreditam na inovação blockchain. Por que tributar severamente um ativo que se pretende fazer simultaneamente um pilar estratégico das finanças públicas?

A pressão fiscal pode esfriar o entusiasmo local. E isso não passa despercebido. Nos fóruns e no X, vários membros da esfera cripto brasileira acusam o governo de jogar um jogo duplo: “Eles querem os ganhos, não a visão”. Uma frase que resume bem a atual ambivalência entre sonho digital e necessidade fiscal.

Quando o Brasil flerta com os gigantes 

Não é pouca coisa: o Brasil é hoje o 10º país do mundo em adoção de criptomoedas e o primeiro na América Latina. Em 2024, 76 bilhões de dólares foram negociados em cripto no país. O projeto de lei 4501/2024, apelidado RESBit, pretende permitir que o Banco Central compre até 5% de suas reservas cambiais, cerca de 19 bilhões de dólares em bitcoin. 

E não é uma ideia jogada ao vento. Em 20 de agosto, uma primeira audiência pública reuniu representantes do Banco Central, do Ministério da Fazenda, fintechs como a Bitso e atores da associação ABcripto. Objetivo: debater os contornos técnicos e políticos do projeto.

Destaque para os números chave: 

  • 76 bilhões de dólares negociados em cripto no Brasil em 2024;
  • 10º país mundial em adoção de cripto;
  • Projeto RESBit estimado em 18,6 bilhões de dólares;
  • Audiência parlamentar ocorrida em 20 de agosto de 2025;
  • 6 instituições principais convidadas para o debate.

O Brasil flerta claramente com um papel de pioneiro. Mas querer seguir os passos de El Salvador ou dos EUA envolve grandes riscos. Fuga estratégica para frente ou salto gigante rumo ao futuro? As linhas permanecem confusas.

Se o Brasil hesita, não está sozinho. Nos Estados Unidos, a ideia de uma reserva em bitcoin também não é consenso. No Arizona, a governadora Katie Hobbs rejeitou três vezes uma proposta similar, sendo a última sobre uma reserva construída a partir de bitcoins apreendidos. Isso mostra que mesmo nos redutos tecnófilos, os Estados permanecem divididos sobre o papel da cripto em suas estratégias econômicas.

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Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

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