Bitcoin : Strategy continua suas aquisições apesar da volatilidade

A tempestade que abala o mercado de criptomoedas não impede que a Strategy (ex-MicroStrategy) continue sua cruzada para acumular sempre mais bitcoin. Entre a queda do preço abaixo de 108.000 dólares, a desvalorização da ação MSTR e a insatisfação dos investidores, a empresa liderada por Michael Saylor permanece fiel ao seu plano. Os abalos, as perdas pontuais ou as críticas nunca desencorajaram esse gigante de ampliar sua reserva de BTC, mesmo que para isso precise romper as regras estabelecidas.

Bitcoin: compras mais modestas, mas uma reserva gigantesca

Ontem, a Strategy de Michael Saylor comprou 4.048 BTC por 449,3 milhões de dólares, segundo documento enviado à SEC. Isso eleva suas aquisições mensais a 7.714 BTC, muito longe dos 31.466 BTC registrados em julho. A diferença no ritmo intriga, mas a magnitude da reserva continua espetacular: 636.505 BTC, avaliados em cerca de 46,95 bilhões de dólares a um preço médio de 73.765 dólares por unidade.

A empresa financiou essas compras por meio da emissão de ações, conhecidas como “ATM offerings”. Este mecanismo, por vezes considerado agressivo, permanece a principal alavanca usada por Saylor para transformar o mercado de ações em uma máquina de acumular bitcoin. 

Essa lógica reflete uma convicção simples: diante da volatilidade, não se deve desacelerar, mas fortalecer as posições. Muitos veem nisso uma teimosia cega, outros saúdam uma disciplina de ferro que fez da Strategy um ator indispensável na indústria cripto.

Entre céticos e partidários: a batalha em torno do dividendo e da diluição

Desde a publicação de seus resultados recordes no segundo trimestre, a empresa viu o preço da ação MSTR cair 16%, chegando a 339 dólares. Ao mesmo tempo, o dividendo foi aumentado de 9% para 10%, um gesto interpretado como tentativa de atrair investidores. Mas o debate é acalorado.

No X, um comentarista resume a absurdidade do gesto assim:

Um dividendo de 10% parece brilhante, até perceber que é um rendimento fiat sobre um gelo que derrete. Wall Street persegue seus cupons, mas o bitcoin reescreve o balanço. Os dividendos são taxados, desvalorizados e reavaliados. O bitcoin, por sua vez, compõe seu poder de compra para sempre. Um é teatro, o outro, velocidade de fuga.

Os analistas da Benchmark, no entanto, defendem a estratégia de Saylor. Segundo eles, a pressão sobre MSTR resulta de um estreitamento do prêmio em relação às posses de bitcoin e não de um erro de gestão.

Um gigante cripto às portas do S&P 500

A questão vai além do dividendo: a Strategy poderia entrar no S&P 500 já no próximo reequilíbrio de setembro. A empresa atende aos critérios formais, com lucros positivos e capitalização sólida. 

Mas a dependência de ganhos não realizados em bitcoin é um problema. O comitê pode considerar essas receitas muito voláteis para serem consideradas sustentáveis.

A Benchmark insiste: « Continuamos a ver a MSTR como a forma mais simples e líquida de aproveitar a alta do bitcoin sem assumir o risco da mineração ». 

Pontos chave para reter

• 636.505 BTC detidos pela Strategy;
• 7.714 BTC comprados em agosto, contra 31.466 em julho;
• Queda de 16% na ação MSTR após os resultados do 2º trimestre;
• Dividendo elevado para 10%, considerado artificial por alguns investidores;
• Candidatura ao S&P 500, um importante marco institucional para a indústria cripto.

Enquanto a Strategy se consolida como uma fortaleza do bitcoin, outro gigante emerge no Ethereum. Sharplink adquiriu recentemente 39.008 ETH por 177 milhões de dólares, a um preço médio de 4.531 dólares por token. Isso mostra que o apetite por reservas estratégicas está crescendo em todo o setor, e que a batalha pela acumulação não se joga mais em uma única frente.