BlackRock entra no staking Ethereum com um ETF inédito

O staking invadiu o universo cripto. De Bitcoin a Avalanche, é agora a norma para lucrar com seus tokens. Os gigantes de Wall Street não demoraram a sentir a oportunidade. A BlackRock, com seus 10 trilhões de dólares sob gestão, entra na jogada com um novo ETF: ETHB. Mas desta vez, não se trata apenas de possuir Ethereum. Trata-se de fazê-lo trabalhar para você. E isso é uma revolução.

ETHB: a arma da BlackRock para explorar o rendimento do Ethereum

A BlackRock não está estreando no mundo cripto. Mas ETHB marca uma virada: este ETF não se limita a seguir o preço do Ethereum (ETH). Ele também permite obter rendimentos via staking, entre 70 a 90% dos ativos do fundo. As recompensas serão distribuídas aos investidores a cada trimestre, após dedução das taxas.

A custódia dos ativos é feita pela Coinbase Custody, com a Anchorage Digital como alternativa. Quanto ao staking, é gerido por validadores terceiros escolhidos por sua confiabilidade. Essa estrutura dá ao ETHB uma espinha dorsal institucional sólida, sem precedentes no setor.

Na declaração oficial, a BlackRock é clara:

O Trust procura refletir, de forma geral, o desempenho do preço do ether bem como as recompensas derivadas do staking de parte dos ethers detidos, na medida em que o Patrocinador julga, a seu próprio critério, que o Trust pode fazê-lo sem incorrer em risco jurídico ou regulatório excessivo, incluindo, mas não se limitando a, qualquer risco que possa comprometer a qualificação do Trust como “grantor trust” sob a tributação federal americana.

Este produto, portanto, tem um duplo objetivo: exposição ao mercado + geração de rendimento. Algo para atrair investidores tradicionais ávidos por novas fontes de lucro no universo cripto.

Entre promessa de rendimento e risco de centralização: o lado oculto do cenário cripto

A principal vantagem do ETHB? Ele torna o staking de Ethereum acessível ao público em geral via um simples ETF. Não é mais necessário gerenciar nós, nem bloquear seus tokens. Comprar uma cota do ETHB basta para beneficiar-se do staking, com transparência e regulação assegurada.

Mas essa simplificação levanta críticas. O risco? Uma concentração de poderes nas mãos de poucos atores financeiros. 

Este fenômeno não é isolado. A Grayscale lançou um produto similar, assim como a Fidelity com seu ETF incluindo staking em Solana. A indústria cripto parece aceitar que o staking se torne um serviço institucionalizado.

Mas alguns observadores temem uma divisão: de um lado, a promessa de descentralização; do outro, a realidade de um mercado dominado por gigantes financeiros.

O ETF ETHB, catalisador de um giro regulatório na indústria cripto

Este novo produto não é uma evolução do fundo spot ETHA (já detentor de 11 bilhões de dólares em ETH), mas sim uma estrutura distinta. Por quê? Para evitar as obrigações fiscais que o staking poderia gerar em um trust existente.

ETHB também chega em um contexto de mudança política. Sob a presidência anterior, a SEC se opunha aos ETFs com staking. Mas a chegada de Paul Atkins na liderança parece mudar o jogo. Várias empresas, incluindo a VanEck, também reapresentaram dossiês similares.

Assim, ETHB pode muito bem ser um precedente para todos os produtos financeiros cripto que virão.

Para lembrar: 5 números e fatos chave

• ETHB planeja fazer staking entre 70% e 90% de seus ETH para gerar rendimento;
• Coinbase Custody garante a segurança dos fundos, assistida pela Anchorage Digital;
• ETHA, o ETF spot ETH da BlackRock, já gerencia 11 bilhões de dólares;
• O preço do ETH no momento da redação é de 3.124 dólares;

Recentemente, mais de 18 bilhões de dólares em ETH foram queimados para compensar a emissão de novos tokens. No entanto, a oferta global continua a crescer. Esta inflação se torna um verdadeiro desafio, à medida que cada vez mais atores se interessam pelo staking. A chegada de produtos como o ETHB pode intensificar ainda mais essa dinâmica. Ethereum entra em uma era onde rendimento e escassez terão que coexistir.