Cantor Fitzgerald pronto para apostar 4 bilhões no Bitcoin

Trocar seus fiats por bitcoin tornou-se quase banal. Mas confiar essa missão a uma figura histórica da indústria cripto? Isso é outro nível de jogo. E é exatamente isso que Brandon Lutnick, 27 anos, filho do chefe da Cantor Fitzgerald e agora presidente da empresa, decidiu fazer. Do outro lado: Adam Back, esse cypherpunk reservado, criador do Hashcash, e cujos BTC valem bilhões. O cenário está montado.

Um gigante de Wall Street tira o talão para bitcoin físico

Cantor Fitzgerald não escolheu um produto derivado nem um ETF Bitcoin. O que ela quer é bitcoin de verdade, precisamente 30.000 unidades, ou seja, cerca de 3,5 bilhões de dólares. O veículo para isso? Um SPAC. Sim, essas conchas vazias listadas na bolsa que são preenchidas com um ativo. Mas aqui, o ativo não é uma startup: é o ativo cripto principal em si. O bitcoin.

E não para por aí. A manobra também prevê levantar 800 milhões de dólares adicionais. Objetivo: comprar ainda mais BTC. Essa estrutura, digna de um quebra-cabeça financeiro, pode resultar em uma entidade pública listada, renomeada BSTR Holdings, com mais de 4 bilhões de dólares em bitcoins em seus cofres.

Por que Adam Back aceita esse negócio? Em troca de seus BTC, ele recebe ações nessa nova entidade. O que alinha seus interesses ao aumento de sua própria contribuição. E para Lutnick, é a garantia de colocar as mãos em uma montanha de bitcoins, sem precisar convencer cada investidor um a um.

Lutnick não esconde sua admiração pelo rei das criptos. Durante uma troca pública com Paolo Ardoino (Tether), ele declarou: 

A beleza do bitcoin é sua oferta fixa. 

Um aceno para aqueles que preferem ouro digital a dólares impressos.

Quando a estratégia cripto muda de marcha

No fundo, essa operação não é apenas uma compra. É um manifesto. Uma declaração de intenção que diz: as finanças não olham mais para o bitcoin, elas o integram. E não por meio de produtos alavancados, mas via spot, real, tangível.

E, acima de tudo, essa estratégia se insere numa tendência forte: acumular BTC por ação ao invés de maximizar lucros por ação. Isso é exatamente o que Strategy (ex-MicroStrategy) faz desde 2020. Cantor Fitzgerald, por meio da Twenty One Capital e agora BSTR, parece querer ir mais além.

Essa escolha estrutural vem acompanhada de números claros:

• 30.000 BTC transferidos para uma entidade pública: inédito em tal escala;
• 4 bilhões de dólares de capital mobilizado em uma estratégia puramente Bitcoin;
• 800 milhões de dólares arrecadados para fortalecer posições;
• 10 bilhões de dólares: objetivo de BTC acumulados pela Cantor em 2025;
• 2 negócios cripto em 6 meses para Brandon Lutnick: não é coincidência.

E enquanto outros lançam ETFs ou índices em várias blockchains, Cantor se mantém focada apenas no bitcoin. Um posicionamento assumido, radical e potencialmente transformador para todo o ecossistema cripto.

Adam Back não é qualquer um. Satoshi Nakamoto citou seu Hashcash. Ele nunca negou ser Satoshi. Ele mantém sua discrição. E hoje, é para ele que Brandon Lutnick estende a mão. Esse gesto certamente não é por acaso. Quem, já em 2023, apostava publicamente em um bitcoin a um milhão de dólares joga aqui uma carta muito maior. Uma carta onde o bitcoin se torna não só reserva de valor, mas pilar de uma nova ordem monetária.