Ethereum desbloqueia milhões para preparar a era pós-quântica

Em plena fase de reorganização interna, a Fundação Ethereum continua a irrigar o ecossistema com diversas subvenções. Longe de se retrair, aposta em apoiar ideias novas, técnicas avançadas, eventos comunitários e projetos de código aberto. Do menor hackathon local aos protocolos criptográficos pós-quânticos, seu financiamento abrange uma ampla gama. Através de seu programa ESP, a Ethereum quer garantir que o futuro da blockchain continue sendo um terreno fértil. E visivelmente, ela está disposta a investir os recursos necessários.

Ethereum: 32 milhões para projetos nos quatro cantos do mundo

No primeiro trimestre de 2025, a Fundação Ethereum, que acabou de mudar seu ritmo e liderança, distribuiu 32,6 milhões de dólares para mais de 90 projetos. Seu programa ESP focou em várias prioridades, incluindo educação, ferramentas para desenvolvedores e criptografia. Dentre as 101 subvenções, 32 foram destinadas a iniciativas educacionais ou comunitárias. Bootcamps, conferências como ETHPrague ou ETHiopia, conteúdos em vídeo e escolas de verão foram contemplados. Estes projetos refletem a ambição pedagógica da fundação, especialmente em escala global. 

Programas foram apoiados na Índia, Grécia, Japão e América do Sul. Essa abordagem favorece uma adoção mais inclusiva e descentralizada do ecossistema Ethereum. 

Dentre os outros domínios apoiados: criptografia avançada, ferramentas SDK, bibliotecas de linguagens e acessibilidade das EIPs. Essas subvenções mostram que a Fundação deseja democratizar a inovação sem abandonar o rigor técnico. E apesar da ausência de detalhes financeiros projeto a projeto, a distribuição temática revela muito sobre suas prioridades atuais.

Segurança pós-quântica e ergonomia do desenvolvedor no centro da agenda

As tecnologias Zero-Knowledge (ZK) e criptografia também recebem uma grande parte dos recursos. Quatorze projetos em ZK foram apoiados, desde o desenvolvimento de provas ZK até criptografia pós-quântica. Isso está alinhado com a lógica de segurança de longo prazo da rede. O próprio Vitalik Buterin lembrava:

Eu programei wallets resistentes à computação quântica desde 2017. 

Seu tweet de maio de 2024 vai além. Ele defende soluções duradouras: infraestruturas STARK e agregação de assinaturas. As camadas de execução e consenso não foram esquecidas: sete projetos foram destinados a cada uma. Essas camadas são cruciais para a robustez da Ethereum à medida que evolui para mais escalabilidade. 

Apenas um projeto Layer-2 foi financiado: L2 Beats, uma plataforma de dados sobre redes secundárias da Ethereum. A experiência do desenvolvedor continua sendo uma prioridade, com dezesseis projetos apoiando SDK, validadores e análises. 

A estratégia é clara: fazer com que o Ethereum seja tão agradável de construir quanto de usar.

Fundação Ethereum: nova transparência e estratégias globais em números

No total, a distribuição das subvenções é a seguinte:

• 32 projetos para comunidade e educação;
• 16 projetos para a experiência do desenvolvedor;
• 14 projetos em criptografia e provas ZK;
• 7 para a camada de execução, 7 para a camada de consenso;
• 9 projetos voltados para suporte geral e protocolos;
• 13 projetos classificados como “outros”: DeFi, stablecoins, DApps, etc.

Essa transparência é recente: é o quarto relatório público desde agosto de 2024. Buterin incentiva isso, vendo isso como uma forma de prestar contas sem burocracia pesada. Projetos como Amber Group ou SunSec saudaram essa abertura. Suas contribuições para a segurança EVM, por exemplo com Mothra ou PebbleDB, foram reconhecidas. 

Por trás desses números, desenha-se uma Fundação Ethereum mais atenta, mais preocupada em construir uma base sólida. Mesmo que alguns gostariam de conhecer os valores alocados a cada projeto, a direção geral parece ser apreciada.

Nessa dinâmica, a Fundação Ethereum não está sozinha. A Human Rights Foundation também apoia a cripto, com doações em vinte países. Ela usa o bitcoin como um alavanca de emancipação, uma ferramenta de esperança em contextos frágeis. Prova de que, às vezes, as blockchains se tornam mais do que protocolos: tornam-se promessas concretas.