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França pode recorrer ao FMI por causa da dívida

9h15 ▪ 5 min de leitura ▪ por Luc Jose A.
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Pela primeira vez, a ideia de uma tutela da França pelo FMI ultrapassa as portas de Bercy. Por muito tempo reservada aos países em crise, essa perspectiva, agora assumida no topo do Estado, revela a magnitude do deslize orçamentário. Uma dívida abismal, encargos de juros em forte aumento e a pressão das agências de classificação formam um coquetel explosivo. O sinal é claro: a soberania econômica francesa vacila, e as instituições internacionais agora observam Paris com a mesma severidade que as economias em dificuldades.

Uma figura feminina emblemática da França, ajoelhada e levemente inclinada para frente. Seus pulsos estão presos por correntes douradas pesadas, ligadas a uma maleta preta no chão à sua frente, estampada com o logotipo do FMI, simbolizando uma tutela imposta devido a uma dívida pública colossal.

Em resumo

  • A França enfrenta uma situação orçamentária crítica, com uma dívida pública superior a 3.300 bilhões de euros.
  • O ministro da Economia menciona pela primeira vez o risco de uma tutela do FMI.
  • Em 2024, apenas os juros da dívida custarão ao Estado 67 bilhões de euros, um recorde histórico.
  • O cenário de um recurso ao FMI, antes impensável, está gradualmente entrando no debate público.

A dívida pública francesa : os números que preocupam Bercy

Enquanto os juros da dívida francesa explodem em um contexto econômico tenso, os números divulgados por Bercy são de arrepiar.

Segundo os dados divulgados no início de junho, a França terá que destinar 67 bilhões de euros em 2024 apenas para o pagamento dos juros da dívida pública, um recorde histórico.

Esse montante se soma a uma dívida global que agora ultrapassa 3.300 bilhões de euros, ou 113 % do PIB. Um nível de endividamento tal coloca a França entre os Estados mais vulneráveis da zona do euro.

É nesse clima que o ministro da Economia, Éric Lombard, soou um alarme incomum :

Nosso país está perdendo soberania, independência, e pode se ver sob a ameaça de uma tutela dos credores e do FMI.

De fato, essa declaração, incomum pela sua gravidade, marca uma virada no discurso oficial sobre a trajetória orçamentária da França.

Essa mudança é reforçada por uma série de indicadores que mostram o descontrole das finanças públicas. O ministério prevê um déficit que pode chegar a 100 bilhões de euros, um ritmo de deterioração mais rápido do que o estimado.

Nesse contexto, o encargo da dívida ameaça se tornar, já neste ano, a maior despesa pública, à frente das missões sociais do Estado. Aqui está uma visão geral das comparações orçamentárias apresentadas por Bercy :

  • 67 bilhões de euros destinados apenas aos juros da dívida em 2024 ;
  • 88 bilhões de euros previstos para o orçamento da Educação Nacional ;
  • 59 bilhões de euros alocados para a Defesa Nacional em 2025.

Essa simples inversão da hierarquia orçamentária ilustra a perda progressiva de controle sobre os equilíbrios fundamentais das contas públicas, o que alimenta as preocupações dos mercados e das agências de classificação.

Uma classificação rebaixada e um cenário negativo

O cenário se torna ainda mais sombrio ao observar a reação das agências de classificação. Em 30 de maio, a agência Standard & Poor’s (S&P) confirmou a nota da França em AA−, equivalente a 16,5 em 20, mas mantendo uma perspectiva negativa.

Em linguagem financeira, isso significa que uma degradação futura continua altamente provável caso nenhuma recuperação seja realizada. Duas outras grandes agências, Fitch e Moody’s, compartilham uma avaliação semelhante. Essa convergência negativa não é apenas simbólica. Ela reforça a probabilidade de um aumento nas taxas de juros da dívida francesa, o que agravaria ainda mais a espiral orçamentária.

Essa nova hierarquia orçamentária, onde o custo da dívida ultrapassaria já este ano o da Educação (88 bilhões de euros) e da Defesa (59 bilhões de euros), traduz uma inversão inédita das prioridades do Estado.

Por outro lado, vários países dos BRICS apresentam uma trajetória orçamentária mais estável, com níveis de endividamento controlados e um crescimento sustentado que contrasta com os desequilíbrios estruturais franceses.

O fato de que o simples reembolso dos juros se torne o centro da despesa pública ilustra uma perda progressiva do controle sobre os principais instrumentos econômicos. É nesse contexto que alguns economistas temem uma transição da França para uma forma de dependência dos mercados, que poderia restringir fortemente suas capacidades de decisão.

Embora a hipótese de um recurso ao FMI ainda possa parecer extrema, o simples fato de ela ser mencionada publicamente por um ministro em exercício representa uma mudança de época. Trata-se de um sinal político forte, destinado talvez tanto a alertar quanto a preparar as mentes.

As consequências de uma tal tutela seriam consideráveis: a perda de credibilidade nos mercados, a imposição de reformas drásticas e uma vigilância externa sobre as escolhas orçamentárias nacionais. Um cenário que a França nunca experimentou desde a Segunda Guerra Mundial, e que colocaria o Hexágono ao lado de países como Grécia ou Argentina no imaginário financeiro mundial. No entanto, O Estado então poderia requisitar a poupança dos franceses para quitar essa dívida pública?

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Luc Jose A.

Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.

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