Investir na cripto: Tarde demais ou momento perfeito?

Enquanto o bitcoin ultrapassa um novo recorde histórico de 126.000 dólares, o sentimento predominante é de um mercado já inacessível. No entanto, ao contrário dessa impressão, os dados recentes mostram um panorama bem diferente. Segundo Cosmo Jiang, sócio da Pantera Capital, mais de 60 % dos investidores ainda não têm exposição às criptos. Esse número revelador lembra que a maior parte do potencial de adoção ainda está por vir.

Uma adoção ainda marginal

Apesar de um bitcoin que acaba de ultrapassar os 126.000 dólares, estabelecendo um novo recorde histórico, muitos investidores permanecem convencidos de que é tarde demais para entrar no mercado.

É exatamente essa percepção que Cosmo Jiang, sócio da Pantera Capital, quis corrigir durante sua participação na CNBC. Ele declarou: “Existe uma pesquisa do Bank of America de algumas semanas que mostra que mais de 60 % dos investidores ainda não têm exposição às criptos”.

Essa declaração não se baseia em intuição, mas em dados sólidos que revelam um mercado ainda amplamente subexplorado. Aqui estão os dados-chave:

• Mais de 60 % dos investidores (de todos os perfis) atualmente não têm exposição às criptos, segundo um estudo recente do Bank of America;

• Nos Estados Unidos, apenas 21 % dos adultos possuem criptos;

• Em escala global, mesmo os países mais avançados em termos de adoção permanecem abaixo da marca de 30 %. Os Emirados Árabes Unidos lideram, com 25,3 % de adoção.

Esses números mostram que, apesar das performances espetaculares do mercado, a maioria dos investidores, indivíduos e institucionais, ainda está à margem do ecossistema cripto. Longe de sinalizar um mercado saturado, esse cenário indica uma fase ainda precoce do ciclo de adoção, onde o potencial de crescimento permanece muito significativo.

O bitcoin legitimado, os altcoins assumem o protagonismo

Além do potencial de crescimento ainda importante do mercado, Jiang acredita que, do ponto de vista da Pantera, os últimos anos serviram principalmente para legitimar o bitcoin. Agora, as pessoas entenderam seu valor, e é a vez dos altcoins ganharem os holofotes.

A mudança mencionada aqui é clara. O papel pioneiro do bitcoin agora é institucionalizado, e a dinâmica do mercado se volta para os altcoins, vistos como infraestruturas com alto potencial tecnológico.

Nesse contexto, Jiang chega a afirmar que “Solana está prestes a se tornar o que poderia ser uma mega tech de nova geração”. Esse reposicionamento estratégico do mercado coincide com uma mudança regulatória significativa nos Estados Unidos.

Dois textos legislativos, em particular, concentram a atenção: o GENIUS Act, já assinado pelo presidente Trump em julho, e o CLARITY Act, focado na estrutura do mercado de criptos, que pode ser adotado até o final do ano. Ao mesmo tempo, os fluxos para ETFs de Bitcoin explodem, atingindo 3,24 bilhões de dólares em captação líquida na semana passada, valor quase equivalente ao recorde de novembro de 2024.

Esse novo ciclo, alimentado por fluxos institucionais massivos e uma regulação em processo de esclarecimento, cria um ambiente inédito para os altcoins. Se o bitcoin, que visa o status de ouro, mantém seu papel de reserva de valor, os investidores agora olham para além disso, para projetos capazes de oferecer usos concretos, infraestruturas descentralizadas e inovações em grande escala. Esse final de ano pode marcar, assim, o início de uma nova era em que o crescimento do mercado cripto não dependerá apenas da legitimidade do bitcoin, mas da maturação de um ecossistema diversificado, estruturado e institucionalizado.