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Moscovo quer substituir o SWIFT por criptomoedas nas exportações agrícolas

Tue 03 Jun 2025 ▪ 5 min de leitura ▪ por Luc Jose A.
Informar-se Pagamentos de Financiamento

Enquanto as rotas do comércio mundial se movimentam sob a pressão geopolítica, Moscou planeja trocar moedas tradicionais por criptomoedas para suas exportações agrícolas. Não se trata de uma experimentação marginal, mas de um projeto gigantesco: o pagamento de 49,5 milhões de toneladas de cereais poderia ser feito em criptomoeda. Uma iniciativa que, se concretizada, redefiniria as regras do comércio para os Estados sob sanções e imporia a blockchain como uma alternativa aos sistemas financeiros dominantes.

Em um campo de trigo dourado ao pôr do sol, um fazendeiro russo levanta um smartphone, revelando um holograma criptográfico em forma de Bitcoin flutuando acima do dispositivo.

Em resumo

  • A Rússia planeja usar criptomoedas para receber pagamentos pela exportação de 49,5 milhões de toneladas de cereais.
  • Este projeto visa contornar as restrições impostas pelo sistema SWIFT, após as sanções internacionais.
  • O uso de criptomoedas pode se expandir para outros setores se a experimentação na agricultura for bem-sucedida.
  • A Rússia potencialmente abre caminho para uma nova era em que criptomoedas se tornam ferramentas de política econômica.

Um pagamento em criptomoeda para um gigante agrícola

A Rússia e a China recentemente deram um passo ao efetuarem parte de suas trocas comerciais bilaterais em bitcoin. Este acordo destaca sua vontade comum de se desvincular dos circuitos financeiros tradicionais.

É nesse mesmo espírito que se insere a declaração de Oksana Lut, vice-ministra da Agricultura russa, que confirmou que Moscou está prestes a concretizar o uso de criptomoedas para receber pagamentos de suas exportações agrícolas.

Estamos tecnicamente prontos para iniciar as transações via criptomoedas em nossa plataforma experimental. Só falta organizar o mecanismo de aplicação“, anunciou ela. O volume envolvido é considerável: 49,5 milhões de toneladas de cereais estão em jogo nesta campanha em curso.

Assim, durante o Fórum de Cereais da Rússia, que reuniu 1.000 participantes em Sóchi no dia 30 de maio de 2025, Irina Zhachkina, primeira diretora-gerente adjunta do banco agrícola russo, mencionou essa possibilidade. Ela declarou:

Acreditamos que criptomoedas podem ser uma ferramenta alternativa prática e, atualmente, em colaboração com o Banco da Rússia e todas as partes envolvidas, estamos avaliando a possibilidade de usar instrumentos cripto para pagamentos no comércio de cereais.

Não se trata de um teste teórico, mas de uma implementação potencialmente operacional em grande escala.

Esta iniciativa baseia-se em vários elementos importantes:

  • A gestão do projeto está a cargo do Rosselkhozbank, o Banco Agrícola da Rússia, uma instituição bancária chave do setor agroalimentar, afetada por sanções internacionais.
  • A transação será realizada em um “mercado digital experimental”, uma plataforma ainda em fase piloto, especialmente desenvolvida para gerir pagamentos em criptomoeda.
  • O objetivo declarado é contornar os bloqueios relacionados ao sistema SWIFT, ao qual a Rússia perdeu parcialmente o acesso desde 2022.
  • O Banco Central da Rússia participa da supervisão regulatória desse mecanismo, o que sugere uma integração em um quadro legal controlado, diferentemente do uso livre de criptomoedas públicas como o bitcoin ou o Ethereum.

A escolha de começar pelo setor agrícola não é casual. Trata-se de um setor estratégico da economia russa, cujas receitas de exportação são essenciais.

Ao apoiar-se na blockchain para pagar suas exportações de cereais, Moscou testa uma fórmula que, a médio prazo, poderia se aplicar a outros segmentos do comércio exterior.

Rumo a um novo paradigma comercial?

Além do anúncio operacional, o interesse crescente da Rússia pelos pagamentos em criptomoedas no comércio exterior revela uma dinâmica de redefinição dos fluxos financeiros globais.

Essa orientação estratégica ecoa as discussões recentes sobre a criação de corredores de pagamento alternativos, especialmente direcionados a parceiros comerciais na Ásia, África, Oriente Médio e dentro do bloco dos BRICS.

Nesse contexto, o uso das criptomoedas torna-se uma resposta às sanções, mas também uma ferramenta diplomática para ampliar a influência econômica de Moscou. Segundo Oksana Lut, “é crucial assegurar a continuidade do comércio agrícola, e isso implica adaptar nossos meios de pagamento às novas realidades geopolíticas“.

A particularidade dessa iniciativa reside em sua discrição e precisão. Não se trata de um projeto cripto generalizado, mas de uma aplicação focada, gerida por um setor estratégico (a agricultura) e apoiada por uma estrutura bancária controlada.

Esse modelo pode inspirar outros países em busca de alternativas às redes financeiras dominadas pelo Ocidente. Contudo, a natureza das criptomoedas utilizadas permanece incerta. A Rússia parece avançar com cautela, evitando qualquer confronto direto com os reguladores internacionais, ao mesmo tempo em que estabelece as bases para um sistema paralelo.

Essa experimentação pode, a médio prazo, transformar as regras do jogo no mercado global de matérias-primas. Se for funcional e aceita pelos parceiros comerciais da Rússia, representará um precedente sólido para outros Estados em situação de tensões diplomáticas. Em um mundo onde a fragmentação monetária acelera com outras moedas que vão minando a hegemonia do dólar, a Rússia joga uma carta audaciosa: transformar as criptomoedas não mais em ferramentas de investimento especulativo, mas em instrumentos de política econômica soberana.

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Luc Jose A.

Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.

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