O Bitcoin cai, mas Strategy continua acumulando

O Bitcoin repete sua melodia habitual: alta súbita, depois queda, na proximidade de uma decisão chave do FED. Após flertar com os 117.000 dólares, ele caiu novamente abaixo dos 115.000. Esse movimento não surpreende mais tanto a comunidade cripto, acostumada a ver o BTC testar os nervos dos investidores. Para alguns, essa volatilidade continua sendo um risco. Para a Strategy, é exatamente o oposto: uma oportunidade. A empresa, conhecida por suas apostas ousadas, não hesitou. Ela sacou novamente, enchendo seus cofres com novas moedas digitais. 

Quando o preço do Bitcoin cai, a Strategy dobra a aposta

Entre 8 e 14 de setembro, a Strategy adquiriu 525 BTC por 60,2 milhões de dólares, a um preço médio do bitcoin de 114.562 dólares por unidade. Resultado: ela agora detém 638.985 BTC, cerca de 3% da oferta total de bitcoin. 

Com um preço médio de aquisição fixado em 73.913 dólares, o portfólio está avaliado em quase 73,4 bilhões, a um custo acumulado de 47,2 bilhões.

A história parece se repetir. Cada correção vira um pretexto para acumulação. Michael Saylor, fundador da Strategy, resumiu essa convicção: « O Bitcoin merece crédito ». 

Seus comentários lembram uma ideia que ele reforça há anos: o BTC deve ser considerado uma reserva de valor, no mesmo nível, senão acima, do ouro. 

Enquanto muitos investidores cripto observam as menores variações do mercado, a companhia se posiciona sempre a longo prazo, insensível às ondas de volatilidade.

Whales especuladoras, instituições estabilizadoras

A estratégia da Strategy contrasta com os movimentos de algumas whales. Recentemente, uma carteira antiga transferiu 1.176 BTC, equivalente a 136 milhões de dólares, para Hyperliquid, retomando uma série de vendas iniciada em agosto com 35.991 BTC liquidados em Ether. 

Esse tipo de operação pesa muito no mercado. Porém, apesar desses volumes, o bitcoin resistiu, oscilando em torno dos 116.000 dólares.

Esse contraste é revelador: as whales especulam, as instituições amortecem. Os primeiros movem montanhas de BTC segundo suas estratégias. Os segundos constroem uma presença duradoura, inscrita no tempo. 

Em 2025, as empresas detêm agora mais de um milhão de BTC, cerca de 5% da oferta total em circulação. A dinâmica é clara: quase 171 empresas públicas hoje contabilizam BTC em seus balanços.

Assim, o mercado cripto se estabiliza. As vendas massivas não provocam mais as quedas de antigamente, pois as instituições como a Strategy atuam como contrapeso frente aos gigantes especuladores.

Tesourarias corporativas: uma barreira para o Bitcoin

A Strategy continua sendo a líder incontestável. Com seus 638.985 BTC, avaliados em 73,4 bilhões de dólares, a empresa apresenta ganhos latentes estimados em 26 bilhões. Ela supera de longe seus concorrentes como MARA, Coinbase ou CleanSpark, que também fortalecem seus balanços com bitcoin. 

Esse peso vem acompanhado de um paradoxo: apesar de suas reservas recordes, a ação MSTR ganhou apenas 10,4% em 2025, contra 23% para o BTC.

Alguns números chave para lembrar:

• 638.985 BTC: reservas atuais da Strategy ;
• 171 empresas: companhias públicas que possuem bitcoin ;
• 73,4 bilhões de dólares: valor da carteira BTC da Strategy ;
• 5% da oferta mundial: agora nas mãos das tesourarias corporativas.

Essa dinâmica ilustra uma transformação profunda. O bitcoin não é mais visto somente como um ativo especulativo, mas como um instrumento de tesouraria. Entretanto, Wall Street permanece cética: a Strategy foi excluída do S&P 500. Entre adoção crescente e reconhecimento institucional, há uma lacuna.

Enquanto o BTC continua testando a paciência dos investidores, outra voz traz sua previsão. Os analistas da Glassnode antecipam que o mercado cripto não disse sua última palavra. Segundo eles, um novo pico é esperado nas próximas semanas. A continuação da história pode, portanto, ocorrer em um novo recorde, impulsionado tanto pela adoção institucional quanto pela confiança intacta de seus apoiadores.