O Bitcoin evitaria o colapso de Taiwan diante de um embargo chinês

Após vários anos de hostilidade em relação ao bitcoin, Taiwan parece querer reconsiderar seu ponto de vista dada a sua situação geopolítica precária.

Bitcoin: o refúgio definitivo de valor

A relação sino-taiwanesa é um nó geopolítico explosivo. Pequim reivindica a ilha como parte integrante de seu território, enquanto Taipei, apoiada por Washington, defende sua autonomia, ao mesmo tempo considerando investimentos estratégicos no bitcoin.

Como na Ucrânia, o risco de uma guerra por procuração não é impossível se as tensões comerciais se agravarem entre Washington e Pequim. Tal conflito ameaçaria a economia mundial, pois a joia industrial taiwanesa (TSMC) produz a maior parte dos semicondutores necessários para a indústria de alta tecnologia.

A China poderia facilmente decretar um embargo e implementar um bloqueio total a Taiwan. A economia do país desabaria imediatamente, assim como sua moeda. Resultaria em uma hiperinflação imediata.

É por isso que o país possui quase 300 bilhões de dólares em reservas. Nenhum outro país tem reservas de dólares maiores em relação ao tamanho da população (exceto paraísos fiscais). Essas reservas são uma forma de comprar a proteção dos Estados Unidos.

Contudo, em caso de invasão, Washington congelará esses 300 bilhões ao mesmo tempo que os 750 bilhões de dólares que a China detém em reservas. A Rússia sabe disso, pois metade de suas reservas, essencialmente euros, está congelada.

Os milhões de taiwaneses que tentarem fugir do país não poderão levar nada com eles. Eles ficarão arruinados. A menos que tenham bitcoins. É mais fácil pegar um avião com doze palavras na cabeça do que com malas de ouro ou dólares no porão. O bitcoin permite sair do país com toda a sua fortuna.

Os deputados taiwaneses recentemente abordaram o assunto, qualificando o bitcoin como “reserva de valor bem como um refúgio seguro“:

Na esteira dos Estados Unidos

O deputado taiwanês Ko Ju-Chun pediu no final da semana passada que o governo adicionasse o bitcoin às suas reservas cambiais.

“O bitcoin funciona há mais de 15 anos. Sua oferta total é fixa, é descentralizado e resistente à censura. Não pode ser submetido a um embargo”, declarou ele.

O deputado baseou-se na recente criação de uma reserva estratégica de bitcoins pelo governo americano. “O estado de New Hampshire acaba de autorizar que 5% dos fundos públicos possam ser investidos em bitcoin, e outros 28 estados poderão seguir em breve”, acrescentou.

Além disso, o ex-primeiro-ministro taiwanês acredita “que, se não é uma moeda, o bitcoin é ouro digital que protege contra a inflação”.

Huang Zhifeng, presidente da Associação de Comércio Exterior, pensa por sua vez que “a natureza descentralizada do bitcoin permitia evitar riscos monetários em uma região geopoliticamente sensível como Taiwan”.

Não dizemos que o bitcoin é a solução para tudo. Sugerimos colocar uma pequena parte de nossas reservas em bitcoin. Como disse o ex-reitor Chen Chong, o bitcoin é o ouro da era digital.

Ko Ju-Chun, deputado taiwanês

No fim das contas, o mundo inteiro seguirá se os Estados Unidos fizerem do bitcoin sua moeda de reserva. Ainda mais que Donald Trump almeja reduzir o déficit comercial. O mundo terá portanto que encontrar uma nova moeda de reserva internacional.

Apátrida, não censurável e existindo em quantidade finita, o bitcoin pode abocanhar a maior parte das reservas mundiais. A esse respeito, não perca nosso artigo: EUA prontos para abrir mão do “privilégio exorbitante” em favor do Bitcoin?