O ETF IBIT da BlackRock ultrapassa as expectativas apesar da queda do Bitcoin

Há aqueles que observam a crypto à distância, com desconfiança ou curiosidade. E depois há a BlackRock. Longe de ter perdido o trem, o gigante financeiro se instalou na primeira classe. Seu ETF Bitcoin, IBIT, ocupa um lugar de destaque em sua página inicial, entre os grandes vencedores de sua estratégia 2025. Essa escolha pode surpreender. Pois o bitcoin caiu este ano, e o IBIT não apresentou rendimento atraente. No entanto, os investidores afluem. E a BlackRock, por sua vez, parece colher muito mais do que críticas.

BlackRock classifica o Bitcoin como um dos pilares estratégicos

Na página inicial da BlackRock, o ETF IBIT aparece ao lado dos títulos do Tesouro de curto prazo (SGOV) e das principais ações de tecnologia. Uma encenação calculada: o bitcoin se torna um ativo fundamental, ao lado do dinheiro e das ações. Não é uma aposta marginal.

E isso, apesar de um ano volátil. O BTC perdeu 30% desde seu pico em outubro de 2024. Uma queda que não assusta Nate Geraci, presidente da NovaDius: 

Apesar das perdas do IBIT este ano, a iShares claramente não entra em pânico diante dos movimentos de curto prazo do bitcoin.

Esse sinal contrasta com os padrões do mercado. Geralmente, uma gestora destaca seus produtos mais rentáveis. Aqui, a BlackRock joga a carta da convicção. O IBIT está no vermelho, mas é promovido como um pilar. E isso envia uma mensagem clara para a indústria crypto.

IBIT: um ETF deficitário, mas rei dos fluxos

Apesar do rendimento negativo, o IBIT captou entre 25 e 29,6 bilhões de dólares em fluxos líquidos neste ano. Está em 6º lugar entre os ETFs mundiais em entradas de capital. À frente até do SPDR Gold Trust (GLD), que subiu 64% no ano.

Eric Balchunas, analista da Bloomberg, destaca a magnitude do fenômeno:

O fundo até captou mais que o GLD, que teve um avanço de 64%. Para mim, é um ótimo sinal de longo prazo. Se podemos obter 25 bilhões de dólares em um ano ruim, imaginem os fluxos potenciais em um ano bom.

Essa dinâmica mostra uma virada: os institucionais não querem mais perder a onda crypto. Eles não reagem mais às variações semanais, eles antecipam a década. HODL se torna uma estratégia, não um meme. E a BlackRock, discretamente, capta essa mudança do mercado crypto melhor do que ninguém.

BlackRock ignora os altcoins e fortalece sua oferta crypto

Enquanto outros multiplicam os ETFs sobre Solana, XRP ou Litecoin, a BlackRock permanece focada. Seu duo Bitcoin–Ethereum dita o ritmo. O ETF ETHA já captou mais de 12,7 bilhões de dólares. E um segundo produto, desta vez com staking, está em processo de aprovação.

Ainda melhor, o IBIT pode em breve ser lançado na versão “Premium Income”, com receitas provenientes da venda de opções sobre BTC. Isso não é mais trading de cripto: é engenharia financeira aplicada à cripto.

As críticas, embora muitas, têm dificuldade em abalar essa estratégia. Mas os números provam que os cínicos estão errados. A BlackRock estrutura, capta, transforma. E continua a ignorar o hype dos altcoins, em favor de uma visão clara.

Alguns números para guardar na memória

• O IBIT acumulou 62,5 bilhões de dólares em entradas desde seu lançamento;
• O preço do BTC estava em 87.088 dólares no momento da publicação;
• ETHA, o ETF Ethereum, atingiu 12,7 bilhões de dólares em captação;
• IBIT ultrapassa GLD, ETF de ouro que teve bom desempenho este ano;
• Até 142 milhões de dólares em saídas em um único dia nos ETFs Bitcoin.

Os mercados têm memória curta, mas estratégias sólidas resistem. A BlackRock consolida seu lugar no universo crypto, mesmo quando o vento sopra forte. Larry Fink, embora convertido ao Bitcoin há pouco tempo, mantém uma visão crítica. Ele não hesitou em qualificar o BTC recentemente como um “ativo do medo”. Prova de que, mesmo entre os gigantes, confiança nunca exclui cautela.