Queda do dólar gera crise de confiança global

O dólar americano perdeu 10,41 % de seu valor ao longo deste ano. Uma queda significativa para a principal moeda de reserva mundial, em um contexto de tensões econômicas e perda de confiança. Paralelamente, o ouro e a prata registram aumentos espetaculares, tornando-se novamente ativos de refúgio. Esse movimento reflete uma mudança de equilíbrio nos mercados, onde o papel do dólar como valor refúgio parece cada vez mais questionado.

A queda do dólar : um ano sob alta tensão

O dólar americano, por muito tempo considerado o valor refúgio por excelência, perdeu 10,41 % de seu valor desde o início do ano, enquanto muitos observadores acreditam que a hegemonia do dólar está chegando ao fim.

Essa queda, medida pelo índice DXY, reflete uma depreciação frente a uma cesta de moedas principais, incluindo o euro, o iene e a libra esterlina. Em um contexto de incertezas econômicas globais, essa queda espetacular contrasta com o papel historicamente defensivo do dólar. Paralelamente, dois ativos tradicionais de refúgio dispararam.

Aqui estão os principais dados numéricos :

Essa dupla dinâmica, queda do dólar e disparada dos metais preciosos, não passou despercebida entre os analistas econômicos. Entre eles, Tyler Cowen, economista e professor, destaca em um artigo que essa corrida aos metais preciosos constitui um “sinal de alerta imediato para a economia”.

“A corrida aos metais preciosos deveria nos preocupar a todos. Isso reflete um novo perigo, potencialmente desastroso, no horizonte“, alerta ele. Para Cowen, os investidores não buscam mais apenas performance. Eles fogem de uma instabilidade crescente e procuram se proteger.

Uma crise de confiança e o papel vacilante do dólar como ativo refúgio

Segundo Cowen, a queda do dólar não pode ser compreendida sem considerar a perda de credibilidade institucional dos Estados Unidos. Ele afirma que não são apenas os fundamentos econômicos que causam problemas, mas a imprevisibilidade política que cerca a governança americana.

“Se o governo e as políticas dos Estados Unidos são fonte de instabilidade, e sua economia é volátil, então você buscará outras proteções“, escreve ele. Acrescenta que “o caos nos Estados Unidos, especialmente na Casa Branca, leva os investidores a procurar alternativas ao dólar“.

Cowen também destaca um ponto estrutural importante: a economia global está mais correlacionada, o que significa que agora há menos fontes de diversificação para os investidores em caso de crise.

Antigamente, o dólar desempenhava um papel contra-cíclico, capaz de resistir a choques globais. Hoje, essa função parece migrar para os metais preciosos. “Os metais preciosos assumem o papel de proteção que antes era exercido pelo dólar“, afirma ele, sugerindo que a hegemonia do dólar como ativo refúgio talvez esteja se desfazendo.

Nesse contexto de ajuste global, os BRICS fortalecem sua posição promovendo alternativas ao dólar, acentuando a fragmentação do sistema monetário internacional.

Putin oficializou a queda do dólar nas trocas sino-russas, marcando uma virada estratégica. Esse gesto ilustra assim o recuo do dólar na cena internacional.