Registro histórico: os ETFs de Ethereum ultrapassam 4 bilhões de dólares

Longe atrás dos gigantes apoiados no Bitcoin, os ETFs de Ethereum ainda tinham uma carta na manga. E as últimas semanas parecem dar-lhes razão. O limite de 4 bilhões de dólares em fluxos líquidos foi ultrapassado, em um mercado que, visivelmente, ainda não disse a sua última palavra. A mecânica é bem conhecida: quanto mais um ativo se populariza, mais os produtos financeiros apoiados explodem. E o Ethereum, apesar de suas dúvidas existenciais, volta a atrair os holofotes.

BlackRock, taxas inteligentes e bilhões em jogo

No duelo dos ETFs Ethereum, a BlackRock decidiu não jogar pequeno. Seu fundo iShares Ethereum Trust (ETHA) exibe 5,31 bilhões de dólares em entradas brutas. Do outro lado, a Grayscale e seus dois produtos (ETHE, ETH) lutam com 4,28 bilhões em saídas acumuladas desde a conversão para ETF.

A estratégia? Simples, mas implacável. BlackRock e Fidelity oferecem taxas de gestão de 0,25%, enquanto a Grayscale permanece presa a 2,5%. Uma diferença que dói, especialmente em períodos de fluxos institucionais agressivos. “Os gestores de patrimônio não querem mais pagar pelo antigo sistema”, observa um analista da CoinShares.

E tem também o ímpeto tático: os fluxos aceleraram a partir de 30 de maio, marcando uma verdadeira virada. Mais de 160 milhões de dólares absorvidos só em 11 de junho, e cinco dias com mais de 100 milhões em 15 sessões. Não é uma alta eufórica, mas um crescimento regular, quase cirúrgico.

Ethereum ainda busca sua bússola, mas avança

O paradoxo é que o Ethereum, como blockchain, parece estar em crise de identidade. Seu preço caiu 25% desde janeiro, e o fracasso do “momentum” pós-aprovação do ETF continua sendo um incômodo. O CEO da DYOR resume: 

Após a aprovação inicial do ETF ETH sem picos de preço, os investidores institucionais começaram a construir posições discretamente.

Tradução? Nada de hype, mas sim posicionamento estratégico.

A IPO bem-sucedida da Circle, o ressurgimento em torno dos stablecoins, e a reestruturação da Ethereum Foundation dão fôlego. Mas a Solana ronda. E as receitas do ecossistema Ethereum estão em baixa desde sua última atualização técnica. Prova de que o valor percebido da infraestrutura ainda é frágil, embora alguns vejam mais longe que o curto prazo.

“O mercado parece um eletrocardiograma, mas os compradores apostam na infraestrutura”, acrescenta Ben Kurland.

Uma frase que resume bem esta etapa: volátil no curto prazo, promissora no essencial.

Cripto: a batalha silenciosa entre Ethereum e Bitcoin

Enquanto o Ethereum se fortalece, o Bitcoin avança com força. Os ETFs BTC totalizam 46,7 bilhões de dólares em entradas líquidas, contra pouco mais de 4 bilhões para o ETH. A distância é grande, mas cuidado: a dinâmica pode mudar. Em nove dias consecutivos, os ETFs Bitcoin registraram fluxos positivos. Mas a diferença está diminuindo.

O último alerta? Em 21 de junho, o Ethereum sofreu um saque de 19,7 milhões de dólares no ETHA, mas paradoxalmente, as entradas totais do mês permanecem positivas: 840 milhões líquidos desde o início de junho. E isso apesar do ETH ter caído abaixo de 2.400 dólares.

Alguns números para reter:

• Os ETFs ETH alcançaram 4,01 bilhões de dólares em 231 dias de negociação;
• 1 bilhão de dólares adicionado em apenas 15 sessões (6,5% do tempo para 25% dos fluxos);
• BlackRock: 5,31 bilhões de dólares em entradas brutas; Fidelity: 1,65 bilhão de dólares;
• Grayscale: 4,28 bilhões de dólares em retiradas acumuladas;
• Ethereum perdeu 5% em uma semana, mas mantém entradas líquidas.

Esse avanço é sustentável? Talvez. O próximo ponto quente: as declarações dos grandes gestores de ativos em meados de julho (declarações 13F). Se eles também colocarem ETH em seus portfólios de longo prazo, a curva pode se inverter.

As estatísticas em torno do Bitcoin, do Ethereum e de seus ETFs interessam cada vez mais aos governos. O Japão, recentemente, considera até uma reforma fiscal favorável aos ativos digitais e a abertura para ETFs cripto. Algo que pode oferecer céus mais amigáveis a um setor ainda abalado pela volatilidade, mas cujas fundações se fortalecem passo a passo.