Tarifas dos EUA contra os BRICS: E se isso realmente desencadear a queda do dólar?
O anúncio por Donald Trump de tarifas alfandegárias de 10% sobre os países dos BRICS reabre um debate estratégico: os Estados Unidos correm o risco, ao querer defender sua liderança, de acelerar a desdolarização? Por trás dessa ofensiva comercial desenha-se uma ruptura mais profunda, onde potências emergentes buscam romper com a dominação do dólar. À medida que as tensões geoeconômicas se intensificam, a questão se impõe: Washington não estaria precipitando a contestação da ordem monetária que se esforça para preservar?
Em resumo
- Os Estados Unidos planejam impor uma taxa de 10% sobre as importações provenientes dos países do BRICS, decisão anunciada por Donald Trump.
- O economista Igbal Guliyev alerta sobre os riscos dessa medida, que ele considera susceptível a acelerar a desdolarização em escala global.
- Os BRICS reagem consolidando uma arquitetura financeira paralela, destinada a reduzir sua dependência do dólar e dos sistemas ocidentais.
- Além das trocas comerciais, as tensões refletem um realinhamento geopolítico que questiona a dominação histórica do dólar.
As tarifas alfandegárias: o anúncio que divide
Enquanto Trump ameaça os BRICS com uma guerra comercial sem precedentes nos últimos dias, a tensão aumentou no último dia 10 de julho quando o economista Igbal Guliyev, afiliado à Universidade MGIMO na Rússia, alertou para o impacto de um projeto tarifário americano visando os membros do bloco dos BRICS.
Reagindo ao anúncio de Donald Trump de impor uma taxa de 10% sobre as exportações dos países do grupo, Guliyev declarou: “Os países dos BRICS estão implementando uma arquitetura paralela nos âmbitos financeiro, tecnológico e institucional, contestando assim o status quo existente e a dominação do dólar”.
Essas declarações destacam uma ruptura que vai além do âmbito comercial, tocando na questão central do poder monetário mundial.
Para o economista russo, essa ofensiva tarifária não é uma mera disputa econômica. Segundo ele, insere-se em “uma dinâmica geral de realinhamento geopolítico”. Longe de isolar seus alvos, Washington poderia, ao contrário, acelerar sua coordenação estratégica. Vários elementos concretos ilustram essa leitura:
- Os BRICS se organizam em torno de uma alternativa sistêmica à arquitetura atual, dominada pelo dólar;
- Esforços já estão em andamento para contornar o sistema SWIFT, considerado muito dependente dos interesses ocidentais;
- A China denunciou essas tarifas como uma forma de “coação econômica”, confirmando uma linha de ruptura aberta;
- Os BRICS não reagem de forma isolada ou impulsiva, mas elaboram uma resposta coordenada e pensada a longo prazo.
Essa estratégia poderia marcar o início de um questionamento profundo da ordem econômica mundial atual, segundo Guliyev, para quem a economia em breve não poderá mais ser dissociada dos desafios geopolíticos globais.
Rumo a uma alternativa estrutural ao dólar?
A ascensão de um sistema financeiro multipolar não é mais apenas um cenário teórico. Igbal Guliyev destaca que os países do bloco dos BRICS podem responder a essa ofensiva americana de forma estruturada e proativa: “a reação dos BRICS provavelmente não será apenas troca por troca, mas também estratégica, desde a aceleração da desdolarização até a criação de um novo sistema de pagamentos internacionais”.
Essas declarações revelam uma postura de longo prazo, onde o objetivo é menos retaliar e mais emancipar-se.
Concretamente, vários sinais indicam que essa transição já está em curso. A China qualificou publicamente as tarifas como uma “coação econômica”, e as discussões em torno de sistemas de pagamento independentes dos padrões ocidentais estão se multiplicando.
Para Guliyev, “o mundo entra em um período de turbulência onde fatores não econômicos determinarão cada vez mais o futuro econômico”. Essa frase destaca a crescente intrusão da política na economia internacional e a ascensão de uma ordem alternativa.
Ao contornar redes tradicionais como o SWIFT e desenvolver meios próprios de pagamento, os BRICS criam as condições para um ecossistema monetário independente do dólar. A médio prazo, isso pode enfraquecer a capacidade dos Estados Unidos de usar sua moeda como ferramenta de influência geopolítica. Se os Estados Unidos esperavam conter a ascensão das potências emergentes, correm o risco, ao contrário, de precipitar uma dinâmica de dissociação monetária global. Resta saber se essa mudança ocorrerá de forma estável ou por meio da confrontação.
Maximize sua experiência na Cointribune com nosso programa "Read to Earn"! Para cada artigo que você lê, ganhe pontos e acesse recompensas exclusivas. Inscreva-se agora e comece a acumular vantagens.
Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.
As opiniões e declarações expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não devem ser consideradas como recomendações de investimento. Faça sua própria pesquisa antes de tomar qualquer decisão de investimento.