Venture capital: Os stablecoins se tornam o investimento prioritário

Em um ambiente cripto marcado pela volatilidade, os stablecoins emergem como o porto seguro preferido dos investidores de capital de risco. Apesar das tensões geopolíticas e das flutuações do mercado, essas moedas digitais indexadas a moedas tradicionais atraem uma atenção crescente. Por que esse segmento em particular gera tanto entusiasmo entre os financeiros mais experientes?

Stablecoins, porto seguro na tempestade cripto

Para os investidores de capital de risco, o veredito é claro: os pagamentos em dólares via stablecoins representam hoje o uso mais tangível e promissor da blockchain.

O primeiro trimestre de 2025 confirmou essa tendência. Enquanto a guerra comercial americana causava um colapso geral das criptomoedas tradicionais, os stablecoins apresentaram uma saúde notável. Sua capitalização total saltou 25 bilhões de dólares, alcançando agora 227,1 bilhões.

Esse desempenho em período de crise não passou despercebido pelos analistas. Em seu último relatório, a equipe da Pitchbook é categórica:

O pagamento em dólares permanece a aplicação principal das criptomoedas, em parte preservada dos movimentos mais amplos de aversão ao risco.

Para os investidores, essa estabilidade diante das turbulências do mercado constitui uma vantagem importante.

O fenômeno se estende muito além dos Estados Unidos. Na Europa, a Meta planeja integrar USDC e USDT para remunerar os criadores em suas redes sociais.

Ao mesmo tempo, muitos países desenvolvem suas próprias alternativas ao dólar. Nações como Singapura e os Emirados Árabes Unidos buscam criar stablecoins lastreados em suas moedas nacionais, tentando se desvincular da dominação do dólar no ecossistema cripto.

Um ecossistema que atrai os gigantes da tecnologia e enfrenta desafios regulatórios

As projeções para o mercado de stablecoins são vertiginosas: segundo alguns analistas, a capitalização dos stablecoins poderia atingir 2.000 bilhões de dólares até 2028, quase dez vezes seu valor atual.

Esse crescimento exponencial esperado naturalmente atrai a atenção dos capitalistas de risco, que antecipam “um forte aumento dos investimentos de curto prazo, especialmente em startups especializadas em pagamentos, transferências de fundos e gestão de tesouraria“.

No entanto, o caminho para esse crescimento não está livre de obstáculos. A questão da segurança permanece crucial, especialmente após incidentes como o hackeamento da Bybit.

Segundo a Pitchbook, os investidores institucionais se tornarão mais exigentes, exigindo ferramentas de verificação das reservas em tempo real e soluções que simplifiquem a gestão das chaves criptográficas.

As startups capazes de resolver esses problemas técnicos serão as grandes vencedoras das próximas rodadas de financiamento.

No front regulatório, o horizonte escureceu recentemente. Nos Estados Unidos, o projeto de lei GENIUS, que visava regulamentar os stablecoins, recentemente falhou no Senado com uma votação de 48 contra 49, longe dos 60 votos necessários.

Esse revés legislativo pode atrasar a adoção institucional, mas não reduz o entusiasmo dos capitalistas de risco.

O evento mais aguardado continua sendo a oferta pública inicial da Circle, emissora do USDC. Esse IPO poderia não apenas legitimar definitivamente o modelo econômico dos stablecoins, mas também impulsionar as valorizações de todo o ecossistema de pagamentos e infraestruturas cripto.

Em suma, o mercado de stablecoins representa hoje uma ponte essencial entre as finanças tradicionais e o universo cripto. Um relatório recente da Fireblocks destaca essa virada decisiva: 90% das instituições financeiras utilizam ou planejam integrar esses ativos. Essa adoção massiva pelos bancos, antes reticentes, redesenha profundamente os contornos da economia digital global.