Vitalik Buterin face às limitações do Ethereum: chegou a hora da verdade?

Mal a atualização Fusaka foi ativada, o Ethereum se viu em uma situação delicada. Um bug no cliente Prysm fez a participação dos validadores despencar. Um passo a mais rumo à perda de finalização. E como frequentemente em tempos turbulentos, é Vitalik Buterin quem volta ao centro das atenções. Com suas palavras, seus tweets, sua visão, tenta desarmar o pânico. Mas desta vez, a comunidade não parece totalmente convencida.

Um bug, um tweet, e o Ethereum beira a desincronização

Tudo começa com um bug. Uma falha banal no tratamento na versão v7.0.0 do cliente Prysm, revelada logo após a atualização Fusaka. Resultado? 25% dos validadores ficam fora de serviço. A participação na votação cai para 74,7%, ou seja, a menos de 9% do limiar crítico que faria a rede Ethereum entrar em perda de finalização.

Diante do alerta, Vitalik Buterin acalma a situação: “Não há nada de errado em perder a finalização de vez em quando, na minha opinião“. Segundo ele, enquanto o bloco errado não for validado, a rede pode continuar a funcionar. O Bitcoin nunca teve uma finalização rígida, lembra ele. Mas o Ethereum não é o Bitcoin. E sua finalização não é uma opção, mas um pilar da transição para Proof-of-Stake.

Enquanto isso, transferências para Layer 2 como Polygon atrasam. AggLayer suspende suas transações até o retorno da finalização. Não é uma falha, mas se parece muito com uma.

Cliente único, risco único: a blockchain diante da monocultura de software

Não é a primeira vez que o Prysm falha. Em maio de 2023, um bug similar já havia causado dois incidentes de perda de finalização. Desta vez novamente, o bug estava concentrado em um único cliente, mas isso basta para fragilizar toda a blockchain. Porque o Ethereum continua dependente demais de um pequeno número de clientes, apesar dos alertas repetidos.

Surgem vozes. Sassal.eth, membro influente da comunidade, diz sem rodeios:

É meio louco que quase todos os operadores de nós usando Prysm não tenham previsto uma solução de backup (ainda mais louco para operadores profissionais).

Ele chama para diversificar os clientes, incentivar o uso de Lighthouse, Teku ou Nimbus.

Mas o problema é mais profundo. O modelo econômico do Ethereum pune validadores inativos, via o mecanismo de inactivity leak. E alguns não entendem essa incoerência. NoxOnLightsOff, outro usuário, pergunta se essas pausas são aceitáveis, por que penalizar quem sofre com elas?

Vitalik responde: as penalidades são progressivas e negligenciáveis a curto prazo. Mas essa resposta não satisfaz a todos. Parece minimizar as consequências de um bug que, repetimos, privou o Ethereum de 23% dos seus votos por várias horas.

Já visto em 2023: Ethereum realmente aprende com seus erros?

Em maio de 2023, o Ethereum havia perdido sua finalização duas vezes em 24 horas, devido a bugs no Prysm e Teku. A rede continuou produzindo blocos, mas sem garantia forte contra reorganizações. Um cenário temido por exchanges e pontes. A finalização não é apenas um detalhe técnico: é a garantia de que as transações não serão canceladas.

Dois anos depois, o mesmo cliente, o mesmo tipo de erro. E ainda sem um mecanismo eficaz de fallback generalizado. A rede parece avançar… sem realmente aprender.

O Ethereum se orgulha de ser descentralizado. Mas quando 22% da rede depende de um único software, beira a centralização de fato. E isso expõe todo o ecossistema a um risco sistêmico que o mercado não pode mais ignorar.

Números e fatos para lembrar

• O preço do ETH no momento da redação é de 3.186 dólares;
• O bug do Prysm causou uma queda na participação para 74,7%;
• O Prysm representava 22 a 25% dos clientes validadores;
• Em maio de 2023, o Ethereum já havia perdido sua finalização duas vezes em 24h;
• Sem finalização, as pontes entre blockchains suspendem transferências (Polygon, AggLayer).

Enquanto as críticas se acumulam, Vitalik Buterin não permanece estático. Recentemente, ele apresentou uma solução para reduzir a volatilidade das taxas no Ethereum, propondo um sistema de ajuste automático do custo mínimo por bloco. Um passo a mais para uma experiência mais fluida… desde que a base permaneça estável.