Marine Le Pen 2027: O euro em perigo de morte
O debate sobre a abolição do euro volta a surgir regularmente na França. Com novas eleições presidenciais marcadas para 2027, a vitória do Rassemblement National poderia desencadear essa retirada. Os franceses poderiam acabar arruinados.
Em resumo
- A saída do euro poderia provocar uma explosão nas taxas de juros e uma fuga de capitais como nos anos 80.
- A Europa correria o risco de enfraquecer na relação de forças frente à China e aos Estados Unidos.
- Os Estados europeus poderiam travar uma batalha sem misericórdia por meio de desvalorizações competitivas, o que incendiaria a inflação.
Os fracassos do franco na década de 1980
Os defensores do Frexit frequentemente esquecem as dificuldades enfrentadas pela França antes do euro. Durante os anos 80, o país aplicou desvalorizações competitivas sucessivas frente ao marco alemão, como a Argentina de Javier Milei pratica hoje. Em 1981, o franco foi desvalorizado em 3%, depois 5,75% em 1982, 8% em 1983 e novamente 3% em 1986.
Essa estratégia revelou-se catastrófica. Ao contrário dos objetivos, essas desvalorizações alimentaram uma inflação galopante e aprofundaram o déficit comercial com a Alemanha. Consequentemente, os investidores fugiram em massa, preferindo aplicar seus capitais em moedas mais estáveis como o marco.
Assim, a França perdeu toda credibilidade nos mercados financeiros. O Banco da França era considerado uma instituição de segunda categoria, incapaz de garantir a estabilidade de preços. Esses fracassos repetidos finalmente levaram as autoridades francesas a abandonar essa abordagem e alinhar-se ao modelo alemão de moeda forte.
A construção liberal por trás do euro
O euro se baseia em trabalhos acadêmicos rigorosos conduzidos por vários laureados com o Nobel de Economia. A teoria das escolhas públicas de James Buchanan e Gordon Tullock demonstra que os políticos agem principalmente para se reeleger. Por isso, são tentados a adotar políticas populistas de curto prazo, principalmente em matéria monetária.
Essa visão justifica a independência do banco central como um baluarte contra desvios oportunistas. Um banco central respeitado deve seguir regras estáveis e previsíveis, não manipuláveis pelo poder político.
Milton Friedman completou essa abordagem, mostrando que a inflação é sempre um fenômeno monetário. Assim, apenas um controle rigoroso da criação monetária pode combater a inflação de forma duradoura. Esses economistas liberais inspiraram diretamente o modelo do Banco Central Europeu com seu mandato claro de estabilidade de preços.
As vantagens concretas, mas pouco conhecidas do euro
O euro trouxe uma estabilidade monetária inédita na Europa. As crises cambiais que abalavam regularmente as moedas europeias desapareceram. Acabaram-se os ataques especulativos, como o de George Soros contra a libra esterlina em 1992, que custou mais de um bilhão de dólares ao Reino Unido.
Essa estabilidade se traduziu em taxas de juros historicamente baixas. Os países do sul da Europa se beneficiaram de condições de financiamento excepcionais graças à credibilidade do BCE. Além disso, o euro facilitou a integração comercial europeia: 65% do comércio externo francês hoje ocorre com países da zona do euro.
Ademais, o euro tornou-se a segunda moeda de reserva mundial depois do dólar. Essa posição oferece à Europa uma ferramenta de soberania coletiva frente às grandes potências. O euro também constitui um escudo monetário para países vulneráveis que, sem essa proteção, teriam visto suas moedas desmoronarem durante crises.
As falhas do euro
O economista Robert Mundell teorizou o triângulo da incompatibilidade que explica as principais falhas do euro. Não é possível ter simultaneamente uma taxa de câmbio fixa, uma política monetária autônoma e livre circulação de capitais.
A zona do euro escolheu a moeda comum e a livre circulação de capitais, sacrificando assim a política monetária nacional. Essa situação gera problemas durante choques assimétricos: uma crise imobiliária na Espanha ou uma crise fiscal na Grécia não podem mais ser tratadas por ajustes monetários nacionais.
A ausência de união fiscal constitui a principal fraqueza estrutural. Ao contrário dos Estados Unidos, não existe um mecanismo automático de solidariedade entre os estados membros. Os países em dificuldade só podem contar com sua política fiscal nacional, criando tensões entre o norte e o sul da Europa.
Rumo a um apocalipse monetário?
Sair do euro não resolveria os problemas fundamentais da economia francesa. Pelo contrário, essa decisão provavelmente provocaria uma explosão das taxas de juros, como ocorreu nos anos 80. Os investidores perderiam a confiança na nova moeda francesa, levando a uma fuga massiva de capitais.
Os verdadeiros desafios franceses são estruturais: falta de competitividade, rigidezes do mercado de trabalho e envelhecimento demográfico. Esses problemas existiam antes do euro e persistiriam após sua ausência. O euro não é a causa dessas dificuldades, mas sim uma proteção que impede os políticos de mascarar essas fraquezas por meio de políticas monetárias irresponsáveis.
As reformas estruturais indispensáveis passam por uma melhoria da produtividade, flexibilização do mercado de trabalho e investimentos massivos em inovação. Essas transformações exigem coragem política e uma visão de longo prazo, qualidades frequentemente ausentes no debate público francês.
O euro certamente não é perfeito e sofre de importantes defeitos estruturais. No entanto, sua destruição seria mais custosa do que sua reforma. Em vez de brincar com fogo ao sair do euro, a França deveria focar em suas reformas internas enquanto trabalha por uma Europa mais integrada e ambiciosa. Outra estratégia promissora seria começar a constituir uma reserva de bitcoin inspirando-se em alguns estados americanos.
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